Pacientes paranaenses que aguardavam na fila de transplantes ganharam uma chance de recomeçar as suas vidas graças ao sistema de transporte de órgãos com aviões do Governo do Estado nos últimos dias. Duas aeronaves foram cedidas pela Casa Militar para levar um fígado de um hospital na região Oeste para a região Norte do Estado, na sexta-feira (13), enquanto um fígado e rins foram transportados do Oeste para uma instituição de saúde na Região Metropolitana de Curitiba no sábado (14).
O deslocamento por meio de aeronaves é um fator determinante para o sucesso dos transplantes por diminuir expressivamente o tempo de viagem. Nos dois casos mais recentes do Paraná, a estimativa é de que houve uma redução de quatro a seis horas e meia nos trajetos caso eles fossem percorridos por via terrestre.
Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a demora no transporte representa de 5% a 10% dos transplantes fracassados. Uma vez constatada a morte encefálica de um paciente, o sistema é acionado e o cronômetro começa a correr. É um desafio de logística que mobiliza profissionais de saúde e de transporte em tempo recorde.
Cada órgão tem um prazo máximo de sobrevivência fora do corpo, que é o chamado tempo de isquemia. Coração (4 horas) e pulmões (4 a 6 horas) são os que apresentam menos tempo de sobrevivência. Fígado (12 horas) e pâncreas (20 horas) duram um pouco mais, enquanto os rins podem ser transplantados em, no máximo, 36 horas.
Com as duas intervenções na última semana, chegam a cinco o número de transportes aéreos realizados por aviões do Governo do Estado apenas em 2023. Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná, nos últimos quatro anos foram 362 missões aéreas de transporte de órgãos, que totalizam mais de mil horas de voo.
Os dados mais recentes divulgados pela ABTO, que levam em conta informações de janeiro a setembro de 2022, apontam que o Paraná é o segundo colocado do Brasil em doações de órgãos. O Estado realiza 40,3 doações por milhão de população (pmp) contra uma média nacional de apenas 16,4 pmp.
OBSTÁCULOS – Segundo relatório disponibilizado pelo Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, das 1.179 notificações de possíveis doadores realizadas no último ano 471 resultaram em doações efetivas. Os principais obstáculos são contraindicação clínica, recusa de familiares dos possíveis doadores e presença de infecções atestadas por teste PCR.
Além dos motivos clínicos, que não podem ser controlados, a negativa dos parentes é a mais preocupante e corresponde a 28% das doações não efetivadas. Apenas em 2022, houve 211 casos em que os parentes da pessoa que teve a morte cerebral clinicamente atestada se negaram a autorizar a doação, o maior índice desde 2018.
Apesar das dificuldades, o Paraná registrou um crescimento nas doações em 2022 após três anos em queda, especialmente devido à pandemia de Covid-19. Os órgãos mais doados foram rins, fígado, coração e córneas.
Entre os doadores, 58% são homens e 42% mulheres. As maiores causas de morte encefálica no último ano, e que permitem as doações, decorreram de Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH), Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI).
Os dados completos, inclusive com informações regionalizadas, estão disponíveis no site www.paranatransplantes.pr.gov.br.
As informações são da Agência Estadual de Notícias.