Dados atualizados pela Comissão de Prevenção à Violência Contra Médicos do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) revelam que o número de denúncias de agressões e assédios contra profissionais já é mais do que o dobro em relação ao ano passado. De 27 denúncias registradas em 2024, este número saltou para 55 em 2025, até o momento.
Desde a sua implantação, em agosto de 2024, a Comissão já recebeu 83 denúncias, das quais 44 ainda estão em aberto, enquanto 39 foram encerradas. A maioria dos profissionais que formalizou as denúncias (69) obteve sua formação profissional no Brasil, enquanto 6 se formaram na Bolívia, 4 no Paraguai, 3 na Argentina e 1 em Cuba.
Com relação à experiência profissional, grande parte dos médicos que realizou as denúncias possui mais de 11 anos de atuação na Medicina, indicando que a violência não se restringe a profissionais recém-formados.
Curitiba é a cidade paranaense que concentra o maior número de denúncias, com 20 registros até o momento.
O assunto vem ganhando repercussão na mídia, esta semana o colunista Reinaldo Bessa apresentou os dados divulgados pelo CRM-PR em sua participação no RIC Notícias Noite.
Perfil da Violência e das Vítimas
Assédio Moral é a modalidade mais frequente, com 40 denúncias, seguido de Agressão verbal, 26 casos; Agressão Física, quatro casos; Assédio Financeiro, três denúncias; Perseguição ou Stalking, três ocorrências; Discriminação ou Preconceito, dois episódios reportados; Assédio Sexual: dois casos; Danos Materiais ao Ambiente de Trabalho: dois registros; e Agressão Psicológica, uma denúncia.
As mulheres médicas são as principais vítimas, respondendo por 46% das denúncias, enquanto 37% foram feitas por homens.
Ambiente, Agressores e Ações
O setor público é o palco da maioria dos casos, concentrando 87% das denúncias, contra 13% em instituições privadas. O principal agressor identificado em 40 dos casos foi o paciente. Outros agressores incluem:
- Chefia do profissional: 18 denúncias;
- Colegas de trabalho: 8 denúncias;
- Autoridades políticas: 17 denúncias (sendo 8 vereadores, 8 secretários de saúde e 1 prefeito).
- Jornalista: 1 denúncia.
Dos 55 casos registrados este ano, 44 deles o denunciante registrou um Boletim de Ocorrência (BO), demonstrando a busca por medidas legais.
Como Proceder em Caso de Violência
A orientação do Conselho Regional de Medicina do Paraná sobre como agir diante de situações de violência é a seguinte:
Em caso de ameaça: A indicação é que o profissional registre ocorrência na delegacia e informe por escrito às diretorias clínica e técnica da unidade hospitalar sobre o ocorrido, apresentando dados dos envolvidos e testemunhas. Se não for caso de urgência e emergência, o paciente deve ser encaminhado a outro colega.
Ocorrendo agressão física: O médico deve comparecer à delegacia e registrar o Boletim de Ocorrência (BO), sendo necessário exame de corpo de delito. O fato deve ser comunicado imediatamente às diretorias clínica e técnica da unidade hospitalar para que seja providenciado outro médico para assumir suas atividades.
Denúncias no Paraná
Desde agosto de 2024, a Comissão de Prevenção à Violência contra Médicos do CRM-PR, criada exclusivamente para tratar do assunto, tem recebido denúncias de médicos de todo o Estado.
As denúncias podem ser feitas tanto por e-mail (medicodenuncia@crmpr.org.br) quanto por telefone, respeitando o sigilo dos denunciantes que assim o desejarem (41 3240 7800).
“O CRM-PR reitera seu compromisso com a defesa da classe médica e a promoção de um ambiente de trabalho seguro. A Comissão de Prevenção à Violência Contra Médicos segue monitorando os dados e atuando para combater essa realidade alarmante, buscando parcerias e soluções que garantam a integridade dos profissionais que dedicam suas vidas à saúde da população”, declara o 1º secretário do CRM-PR, Fernando Fabiano Castellano Junior.
Integrantes da Comissão
Fazem parte da Comissão de Prevenção à Violência contra Médicos os conselheiros Carlos Alexandre Martins Zicarelli (coordenador), Edeli dos Santos Pepe, Fabricio Kovalechen, Kleber Ribeiro Melo e Sergio Medeiros Alves.
As informações são do CRM-PR.