Curitiba vai contar com programação especial para marcar o Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio e promoção de ações de saúde mental. Em 2023, a Organização Mundial da Saúde escolheu o tema Criar Esperança através da Ação, que reflete a necessidade do trabalho coletivo para apoiar as pessoas em sofrimento de saúde mental.
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“Família, amigos e companheiros de trabalho precisam estar atentos a comportamentos e sinais que demonstrem a necessidade de intervenção de um profissional de saúde antes que o quadro de sofrimento mental se agrave”, alerta o secretário interino da Saúde, Juliano Gevaerd.
Ele ressalta que a equipe multiprofissional das unidades de saúde, porta de entrada do sistema público de atendimento, pode ajudar a identificar quadros que precisam de intervenção médica ou de apoio psicológico. A prevenção passa por uma atenção criteriosa a todas as áreas da vida pessoal, seja da saúde física ou mental.
Estudo da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, que desde 2014 promove a campanha Setembro Amarelo em parceria com o Conselho Federal de Medicina, revela que a maior parte das pessoas que atentaram contra a vida tinha uma doença mental não tratada, como depressão, transtorno bipolar, transtorno por abuso de álcool e outras drogas, transtorno de ansiedade, esquizofrenia e doenças crônicas e terminais.
“Problemas de saúde mental interferem em todos os setores da vida do indivíduo”, explica a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde, Cristiane Rasera. Segundo ela, além dos problemas físicos, resultantes do sofrimento psíquico, a situação vivida interfere no relacionamento com outras pessoas e impacta em seu desempenho pessoal, profissional e até mesmo nas atividades comuns rotineiras.
“A prevenção do suicídio precisa contemplar ações intersetoriais, mas principalmente cuidados que iniciam com o indivíduo, sendo este uma peça-chave no cuidado de sua saúde mental”, destaca Cristiane.
Ela lista algumas dicas para prevenir problemas de saúde mental e promover o autocuidado no dia a dia:
- Mantenha os cuidados com a alimentação, sono, mente e corpo;
- Identifique pensamentos negativos que levem à tristeza, ansiedade e perceba o que funciona para o seu alívio;
- Pratique exercícios, eles liberam hormônios que ativam o bem-estar físico e psicológico e auxiliam a reduzir o estresse.
- Cultive e fortaleça os laços afetivos através da convivência com familiares e de amizades.
- Faça atividades que auxiliem a descobrir o que gosta e o que precisa para se sentir bem.
- Escolha atividades, cursos, que propiciem a sensação de valorização e pertencimento. Isso refletirá positivamente na sua saúde mental.
- Reconheça e acolha os momentos mais difíceis da vida, mas lembre-se de que vão passar.
- Quando precisar, busque ajuda profissional nas unidades de saúde ou ligue para a Central Saúde Já Curitiba pelo telefone 3350-9000 para agendar a participação em grupo de acolhida em saúde mental.
Esportes, música, teatro, leitura, apoio social, cuidados e atendimentos em saúde mental e outras atividades para o bem-estar estão ao alcance de todos pela política pública Curitiba Viva Bem, da Prefeitura de Curitiba.
“Cada pessoa precisa descobrir o que gosta e o que precisa para se sentir bem. A partir desse autoconhecimento é só tornar essas práticas habituais para fortalecer sua saúde mental”, lembra Cristiane.
Dados
Segundo informações do serviço de epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, em 2021 foram notificados 1.794 tentativas de suicídio em Curitiba. Em 2022, o número de notificações cresceu 24,5%, sendo contabilizadas 2.366 tentativas. Em 2023, de janeiro a junho, foram registradas 1.132 notificações de tentativas de suicídio (dados preliminares).
Como procurar atendimento
As pessoas que precisam de atendimento de saúde mental primeiro devem buscar sua unidade de referência, que fica próxima à sua residência. A primeira consulta com a enfermagem pode ser agendada pelo aplicativo Saúde Já Curitiba.
Se necessário, o cidadão será encaminhado ao atendimento em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps). “Os Caps são importantes pontos da rede de saúde mental, seja na atenção à crise, no tratamento, nas articulações com os serviços, e principalmente na reabilitação e na reinserção social”, diz Cristiane Rasera.
Dos 13 Caps de Curitiba, dez são voltados para o atendimento adulto e três para atendimento infantojuvenil, visando oferecer uma assistência humanizada, com abordagem multiprofissional, por meio de um plano terapêutico que promova o cuidado e a inserção social.
Desta forma, o usuário participa dos atendimentos individuais, grupos e oficinas terapêuticas, atividades voltadas à geração de renda, entre outras propostas. O tratamento não afasta o paciente da sua realidade, mas procura ajudá-lo a lidar com ela.
Em casos de urgência e emergência, a pessoa deve procurar uma UPA ou chamar o SAMU 192.