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Escolas podem ajudar a aumentar a cobertura vacinal infantil, aponta pesquisa

Foto: Hully Paiva/SMCS.

Matéria do Portal Saúde Debate.

Um levantamento do Instituto Locomotiva, realizado em parceria com a Pfizer e divulgado nesta quarta-feira (19), indicou como o ambiente escolar pode ser uma alternativa para aumentar a cobertura vacinal no Brasil. A pesquisa ouviu duas mil mães de todo o Brasil e elas apontaram que concentrar na escola as informações sobre vacina e a aplicação das doses pode influenciar neste contexto, ajudando-as a lembrar datas e facilitando o dia a dia.

Os dados reunidos pelo Instituto Locomotiva mostram que 66% as mães ouvidas já atrasaram a aplicação da vacina nos filhos ou deixaram de vacinar as crianças. Como motivo para isso, 50% indicaram esquecimento da data da vacina; 38%, falta de tempo; 35%, distância até o local de vacinação; 25%, perda da carteirinha de vacinação.

O levantamento ainda demonstrou que as demandas da rotina familiar e profissional fazem com que 56% das mães entrevistadas esqueçam das datas de vacinação dos filhos. Além disso, influenciam diretamente os fatores distância e possibilidade de perder dia de trabalho para levar as crianças até o posto de saúde.

“Essas informações mostram que há uma oportunidade interessante para aumentar a cobertura vacinal no Brasil, por meio de um maior número de pontos de vacinação que sejam próximos dessas famílias. São 170 mil escolas de ensino básico em todo o país, que poderiam ser usadas como locais de vacinação. As escolas são fisicamente mais próximas do que as unidades d saúde para muitas famílias”, destacou Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva.

Escola como facilitadora

Quando perguntadas se a escola poderia facilitar o acesso à vacinação infantil, houve concordância de 88% das mães entrevistadas. O levantamento ainda revelou que 82% acreditam ser prático se a vacinação pudesse ocorrer na escola, o que facilitaria a rotina, diminuiria o deslocamento e reduziria custos. “Qualquer ação que melhore o processo para a mãe levar as crianças para vacinação tem grande potencial de aumentar a cobertura vacinal no Brasil”, afirmou Meirelles. As dificuldades encontradas por essas mães no dia a dia ainda variam conforme região e classe social.

De acordo com ele, a escola ainda apresenta vantagens por ser considerado um ambiente seguro pelas famílias e que ajuda na lembrança de uma série de dados e datas importantes do calendário tradicional, como os feriados. Essas datas não são esquecidas, conforme as mães ouvidas no levantamento, porque são sempre lembradas pela escola.

E ainda existe uma comunicação frequente entre profissionais da educação e famílias por meio de cadernos de recados, por exemplo. “A escola é vista como um ponto de encontro da informação. Isso, mais a conveniência, a economia e a confiança, pode aumentar a cobertura vacinal. A confiança pode ser muito favorecida com a união dos profissionais da saúde com os profissionais da educação”, avaliou Meirelles.

Desafios para aumentar a cobertura vacinal

No evento de apresentação destes dados, Renato Kfouri, pediatra e presidente do departamento de imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), comentou sobre a importância de buscar múltiplas alternativas para aumentar a cobertura vacinal no Brasil. Esses índices vêm apresentando redução significativa nos últimos cinco anos, o que está possibilitando a reintrodução de doenças anteriormente radicadas. O exemplo mais claro, no país, é o do sarampo. E ainda há a ameaça do retorno da pólio, com um caso confirmado no Peru.

“O sucesso da vacinação na eliminação de determinadas doenças também faz com que parte da população se questione sobre a importância da vacina. Quando existe um aumento de casos de alguma doença também existe um aumento na procura pela vacinação”, contou.

Para o especialista, neste momento também é necessário buscar uma cobertura homogênea, o que não é realidade no Brasil. O fato de uma região ter maior adesão à vacina do que outras pode criar bolsões que favoreçam a reintrodução de doenças. “Outro aspecto importante a ser analisado é a taxa de abandono. Isso é tão ruim quanto não se vacinar”, opinou.

Kfouri ainda disse que este é um bom momento para avaliar a eficácia das campanhas de vacinação, que têm como objetivo de oferecer doses de reforço e permitir a “recuperação” de quem está atrasado com as datas. Anteriormente, existia um conceito de que, por si só, a campanha seria um chamariz. Mas, hoje, a realidade mostra a tendência de queda da cobertura vacinal em todos os grupos prioritários. “Precisamos de múltiplas estratégias, focadas em diferentes realidades. Os motivos de falta de adesão à vacinação são diversos conforme a região e a oportunidade das famílias”, considera.

Questionado pela equipe do Saúde Debate se poderiam ser benéficas campanhas nas quais são apresentadas imagens relacionadas a doenças erradicadas – algo similar com o que existe atualmente sobre combate do tabagismo com imagens fortes nas carteiras de cigarro -, Kfouri afirmou que as estratégias de comunicação sempre têm lados positivos e negativos, assim como já foram realizadas campanhas para aumentar a cobertura vacinal com um apelo mais emocional.

“Particularmente, eu gosto deste apelo. Por que não fazer isso com a vacinação, se existem outras iniciativas similares na área da saúde? A comunicação de impacto pode ajudar aqueles que perderam a percepção do risco pelo sucesso da vacinação no país nas últimas décadas”, avaliou.

Paralelamente, existem iniciativas que tentam incrementar a informação de qualidade sobre as vacinas, com participação de todos os agentes desta cadeia, como entidades médicas e empresas. Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil, reforçou – durante a apresentação dos dados – que a empresa realizou recentemente campanhas sobre vacinação em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a UNICEF.

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