Somos capazes de reimaginar um mundo onde ar limpo, água e comida estejam disponíveis para todos?
Onde as economias estão focadas na saúde e no bem-estar?
Onde as cidades são habitáveis e as pessoas têm controle sobre sua saúde e a saúde do planeta?
No Dia Mundial da Saúde de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz um apelo urgente por uma ação acelerada dos líderes mundiais na proteção à saúde humana com foco na redução dos impactos da crise climática.
“Neste ano, o Dia Mundial da Saúde está dedicado à saúde das pessoas e do planeta, na percepção de que não tem como falar de saúde humana sem falar em preservação do meio ambiente e práticas sustentáveis. Está relacionado também ao bem-estar da sociedades”, explica a especialista em Gestão de Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Claudia Araújo.
No apelo, a OMS aponta que 99% das pessoas respiram ar insalubre, principalmente resultante da queima de combustíveis fósseis. Além disso, mosquitos têm espalhado doenças mais rápido e de forma mais eficiente em um mundo em aquecimento, segundo a OMS.
A entidade ressalta que eventos climáticos extremos, como a perda de biodiversidade, a degradação da terra e a escassez de água provocam deslocamento de pessoas, afetando diretamente na saúde dessas populações.
Em relação à nutrição, a OMS destaca que o consumo excessivo de alimentos e bebidas processadas contribui para o aumento da obesidade, desenvolvimento de câncer e doenças cardíacas.
“A crise climática é uma crise de saúde: as mesmas escolhas insustentáveis que estão matando nosso planeta estão matando pessoas”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em comunicado. “Precisamos de soluções transformadoras para afastar o mundo do vício em combustíveis fósseis, reimaginar economias e sociedades focadas no bem-estar e preservar a saúde do planeta do qual a saúde humana depende”, completa.
A OMS defende que a pandemia de Covid-19 destacou falhas de desigualdade em todo o mundo, reforçando a urgência de criar sociedades sustentáveis e de bem-estar que não ultrapassem os limites ecológicos.
“A partir de uma convivência saudável com o ambiente, com toda essa ecologia e em uma esfera de gentileza entre as pessoas –lembrar da vacina como um pacto de saúde pela coletividade, porque é na medida em que todos se vacinam que bloqueamos a circulação do vírus e protegemos os indivíduos, podemos alcançar o conceito mais amplo de saúde que é o bem-estar físico, mental e social”, afirma a pesquisadora em saúde Chrystina Barros, membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ.
No manifesto são listadas orientações aos países, que incluem o investimento em serviços essenciais de água e saneamento com base em energia limpa em unidades de saúde, a transição energética rápida e saudável, promoção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis, construção de cidades saudáveis e habitáveis e a interrupção do financiamento de tecnologias associadas à poluição.
“A pandemia deixou muito claro que não conseguimos falar de saúde sem falar em qualidade de vida das pessoas em termos de saneamento básico, acesso à água e condições mínimas de habitação”, afirma Claudia.