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Aumentam os casos de depressão entre profissionais da Saúde durante a pandemia

Foto: Jonathan Borba em Unsplash.

A pandemia desestabilizou muitos aspectos da vida cotidiana, em especial a saúde mental. No mês de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, a psicóloga do Hospital Angelina Caron (HAC) – localizado em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), Alissandra Malvezi, alerta sobre o aumento nos casos de depressão em profissionais de saúde.

Também são registradas tentativas de suicídio ligadas a transtornos alimentares e de autoestima. “Dos pacientes que atendo, 80% estão fazendo uso de medicação psiquiátrica. Os casos de depressão e tentativas de suicídio aumentaram bastante desde o início da pandemia, até em atendimentos ambulatoriais. Também atendo um número expressivo de profissionais da saúde que iniciaram tratamento nos últimos 18 meses”, detalha Alissandra.

Alissandra enfatiza que a depressão, o medo da morte e de perder familiares pela Covid-19 são os casos mais recorrentes entre os atendimentos psicológicos a profissionais da saúde. “Também aumentaram os casos de professores e profissionais da educação, com angústia de ficar muito tempo em casa com excesso de trabalho e jornadas mais longas que o presencial”, afirma a psicóloga.

Além dos casos de depressão em profissionais de saúde e em outros trabalhadores, é necessário observar os impactos do ganho de peso, um fenômeno comum durante a pandemia de Covid-19. A psicóloga explica que o ato emocional de comer está bastante ligado à ansiedade e à tristeza.

O resultado pode ser um paciente com diferentes tipos de transtorno, inclusive o alimentar. “Com o ganho de peso, chegam os transtornos de autoestima. É preciso atenção e acompanhamento para que casos assim não se agravem”, comenta.

Além disso, alguns pacientes com ganho de peso costumam se depreciar na insatisfação com o próprio corpo. “Ganha força, nesse contexto, a busca por ideias mirabolantes de dietas restritas. E começa, de fato, os gatilhos para os transtornos alimentares. Por exemplo, a dieta restrita é um gatilho enorme para transtorno alimentar, em especial para a compulsão.

Com excesso de restrição, o corpo perde um pouco de peso, mas acaba tendo um episódio compulsivo na sequência, quando a pessoa come muito. Isso pode migrar para o transtorno da bulimia, em que a pessoa provoca vômito como medida compensatória de emagrecer. Também o uso de laxantes e se inicia um ciclo sem fim”, conta Alissandra.

Setembro Amarelo

Sobre a campanha de conscientização do Setembro Amarelo, a psicóloga ressalta que os adolescentes merecem atenção especial dos pais e responsáveis. “Nossa demanda com o público jovem também aumento na pandemia. Estão muito ansiosos e ociosos, com mais tempo livre para terem ideias de morte e mutilações, relacionados à desestabilização de seus lares, luto e excesso de isolamento”, lembra.

O número de suicídios registrados no Paraná segue em patamar recorde desde 2018, com mais de 900 registros por ano. No ano passado, a cada 10 horas, em média, um paranaense tirou a própria vida, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que promove desde 2014 a campanha nacional do Setembro Amarelo, junto ao Conselho Federal de Medicina.

Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Só no Brasil, são 12 mil, de acordo com o Ministério da Saúde e a ABP. Os transtornos como depressão, bipolaridade e abuso de substâncias como álcool e drogas são os principais fatores de risco ao suicídio. Além disso, 96,8% dos casos estão relacionados aos transtornos mentais, segundo a associação.

Matéria do Portal Saúde Debate.

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