Divulgado nesta quinta-feira (4/11), o novo Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz defende cautela em retomada de eventos sociais com aglomeração levando em conta apenas o percentual de adultos completamente vacinados.
Para os pesquisadores do Observatório, é fundamental que se atinja o patamar de 80% de cobertura vacinal da população total. Com essa meta, além dos adultos, a campanha de imunização deve atingir também crianças e adolescentes.
“Vale lembrar que a população de adolescentes, pelo tipo de comportamento social que tem, é um dos grupos com maior intensidade de circulação nas ruas e convive com outros grupos etários e sociais mais vulneráveis. Por isso, é equivocado pensar que, com a população somente adulta coberta adequadamente, a retomada irrestrita dos hábitos que aglomeram pessoas é possível”, afirmam os cientistas.
Segundo o Boletim, a cobertura vacinal vem aumentando paulatinamente e recentemente alcançou 55% da população total, ainda distante do patamar ideal. Há também uma quantidade expressiva de pessoas que precisam retornar para a segunda aplicação do imunizante.
“A recomendação é de que, enquanto caminhamos para um patamar ideal de cobertura vacinal, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos sejam mantidas e que a realização de atividades que representem maior concentração e aglomeração de pessoas só sejam realizadas com comprovante de vacinação”, ressaltam os pesquisadores.
Países do Leste Europeu e os EUA, por exemplo, vêm apresentando surtos de Covid-19 em condições de baixa cobertura de vacinação, o que deve ser evitado no Brasil.
O cenário brasileiro ainda é de estabilidade nas taxas de transmissão do vírus Sars-CoV-2. Ao longo da Semana Epidemiológica (SE) 43, compreendida entre os dias 24 e 30 de outubro, foram notificados 11.500 casos e 320 óbitos diários, em média.
Esses números representam redução de 0,7% ao dia nos registros de casos e uma menor velocidade de redução do número de óbitos no país, que agora atinge 0,4% depois de 14 semanas de redução acelerada e sustentada com velocidade de 1 a 2 %.
Embora o registro de casos e de óbitos por Covid-19 se mantenha em trajetória descendente, a taxa de positividade dos testes de diagnóstico permanece alta, o que pode ser atribuído à exposição ao vírus e à presença de indivíduos fora de casa. O Índice de Permanência Domiciliar mostra, por exemplo, que há mais pessoas nas ruas do que antes da pandemia.
Quanto à ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS), o indicador se mantém em patamares inferiores a 50% na maior parte das Unidades da Federação. O único estado na zona de alerta intermediário é o Espírito Santo (67%).
Com exceção dos estados onde não ocorreu a retirada de leitos destinados à Covid-19, registraram-se, entre os dias 25 de outubro e 01 de novembro, aumentos mais expressivos no indicador no Pará (34% para 47%) e no Rio Grande do Norte (41% para 50%).
É importante também comentar que as taxas do Rio Grande do Sul (54%) e sua capital, Porto Alegre (63%), estão baseadas em todo o conjunto de leitos de UTI disponíveis no SUS, tanto para Covid-19 quanto para outras causas de internação, e que possivelmente as taxas específicas para Covid-19 seriam mais baixas.
Foram observadas reduções nos leitos de UTI para adultos destinados à Covid-19 no SUS em Rondônia (89 para 79 leitos), Amazonas (155 para 135 leitos), Amapá (116 para 76 Leitos), Ceará (133 para 90 leitos), Pernambuco (777 para 760 leitos), Bahia (562 para 536 leitos), Minas Gerais (2516 para 2449 leitos), Rio de Janeiro (1614 para 1522 leitos), Paraná (1436 para 1215 leitos), Santa Catarina (786 para 761 leitos), Mato Grosso do Sul (259 para 239 leitos) e Mato Grosso (275 para 248 leitos).
As informações são da Fundação Oswaldo Cruz.