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Vereadora Maria Letícia: “Ruim para os médicos, pior para os pacientes”

Artigo da Vereadora de Curitiba Maria Leticia Fagundes (PV), que também é médica, sobre a precarização do atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba. O artigo foi originalmente publicado no Portal Plural.

Existem pessoas que se orgulham das respostas que Curitiba tem dado à emergência sanitária da Covid-19. Eu não sou uma delas. Desde o dia 16 de março de 2020, com o Decreto Municipal n.º 421, a Secretaria de Saúde tem adotado medidas emergenciais para conter a alta de atendimentos, mas o que parece ser uma gestão eficiente tem provocado consequências problemáticas.

Um dos efeitos da reorganização do sistema municipal de saúde é a precarização do serviço. Tanto que, no dia 30 de dezembro passado, o Sindicado dos Médicos do Paraná protocolou um pedido de socorro à Procuradoria Regional do Trabalho. Várias denúncias também foram recebidas pelo meu gabinete, ao que respondi com o envio de dois ofícios ao Ministério Público do Trabalho do Paraná pedindo providências e uma possível abertura de procedimento administrativo para que os fatos sejam investigados. As denúncias mencionam as UPAs do Boqueirão, Pinheirinho e Boa Vista. A UPA do Boqueirão acaba de virar um Centro de Internamento, o que promete afogar ainda mais as filas nas demais Unidades de Pronto Atendimento.

Entre os casos citados, tem-se consultas sendo realizadas sem privacidade, espaço ou qualquer condição de segurança. A estrutura dos atendimentos é precária, sem mesa, cadeira ou equipamentos para o registro de prontuários e receitas. Há ainda casos de furto, agressões diárias, remanejamentos constantes de equipes, furos de procedimentos na triagem, pressão pela realização de consultas em tempo recorde e longas filas de espera, devido à falta de profissionais. Protocolos de proteção à Covid-19 também são ignorados dentro das UPAS, aumentando o risco de transmissão da doença justamente onde se busca a cura.

As situações relatadas representam violações ao Código de Ética Médica, a precarização das condições de trabalho, mas não só isso: impactam negativamente a qualidade do atendimento à população. O que temos, certamente, é mais uma prova do quanto a gestão pública municipal tem falhado ao olhar para as pessoas e suas necessidades mais sensíveis.

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