A Prefeitura de Curitiba substituiu os consultórios médicos por biombos (baias) nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Pinheirinho e do Boqueirão.
Esses biombos são de utilização geral e obrigatória para os médicos durante as consultas. Eles não oferecem privacidade ou segurança necessárias para o atendimento médico, gerando constrangimento aos pacientes e aos profissionais da medicina.
As baias não têm nenhum tipo de isolamento acústico, inviabilizando o sigilo médico. Não há mesa, cadeira, ou computador para que o/a médico/a possa sentar e realizar seu trabalho de registrar o atendimento e gerar uma receita. As unidades não têm sequer uma porta, mas tão somente uma cortina.
Essa situação configura flagrante violação do Código de Ética Médica (sigilo profissional), entre outras normas de conduta, e também precariza as condições de trabalho.
Com o aumento dos casos de covid e de gripe nesta época do ano, a proximidade e risco de contato entre pacientes contaminados é outro problema decorrente das mudanças.
Além disso, persistem os assédios e pressões para que os médicos realizem consultas cada vez mais curtas, de 15 ou até 10 minutos; mesmo com a posição oficial da Prefeitura de que não interfere no tempo de consulta dos médicos.
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As pressões pela rapidez no atendimento também acontecem nas Unidades Básicas de Saúde da Capital. O Simepar recebeu relato de que gestores não médicos estariam pressionando os médicos/as a realizarem consultas de no máximo dez minutos. Nesse tempo é impossível realizar uma avaliação mínima dos pacientes, então a orientação é que os médicos “peçam exames”.
Segundo o Dr. Alceu Pacheco Neto, Diretor do Simepar, os gestores estão tentando implantar uma espécie de “fordismo na Saúde”, como se o atendimento médico fosse uma linha de montagem de uma fábrica. “Muitos médicos simplesmente não suportam a pressão e pedem para sair. As escalas estão no limite mínimo legal e qualquer ausência deixa uma lacuna sobrecarregando ainda mais os médicos em serviço.” Concluiu.
O Simepar enviou uma “notícia de fato” para a Procuradoria Regional do Trabalho do Paraná pedindo que o Ministério Público do Trabalho tome as providências cabíveis para reestabelecer os consultórios médicos com a estrutura necessária para a realização das consultas com privacidade, segurança e dignidade para os pacientes e para os médicos e médicas.
Respostas de 6
Vergonhoso oque está acontecendo, como o profissional médico vai examinar ou orientar os paciente dessa forma, separados por biombos, privacidade zero, paciente exposto, profissionais expostos… Onde está a dignidade e o respeito como profissional e o paciente.
Infelizmente cada dia mais o povo refém desse políticos que tem ideias lamentáveis sem nexo e sem escrúpulos
#indiguinado
Pura bobagem este posicionamento contrário aos biombos.
Sou médico há 39 anos e comecei fazendo atendimento de emergência na baixada Fluminense. Não havia nem biombos, maca ao lado de maca. Não estávamos preocupados com conforto ou dignidade e sim em salvar vidas, pois eram realmente situações de urgência/ emergência. Sinto muito, mas esta exigência de privacidade e para doutores “nutella” e não para médicos raiz.
Que bom que evoluímos e agora, além de salvar vidas, nos importamos com a dignidade dos pacientes. Talvez esteja na hora de se atualizar, médico desatualizado mata muita gente.
O biombo nem é o maior dos problemas, é surreal como uma cidade do Porte e riqueza de Curitiba não tenha nem ventilador nas salas de atendimento, como se aqui fosse o polo sul e nunca fizesse calor. Eu atendo pingando suor, quando precisa da paramentação completa, a qual deve ser usada em tempo integral em determinados setores só resta ao profissional trabalhar cozinhando e correndo risco de desidratar. Fora os pacientes que ficam em baixo de uma cobertura de zinco por horas e os consultórios que nem janela tem. Já atendi em cidade menores e cidades médias, até muito mais pobres que Curitiba mas a situação dos estabelecimentos de saúde era bem menos precária. Não me mudo por que pretendo fazer residência no hospital das clínicas, se dependesse de trabalhar no Sus em Curitiba já tava longe.
O mais engraçado é cadê a vigilância sanitária aprovando? Foi comprada pra “autorizar” esse tipo de atendimento, indo contra toda a RDC 165? Cadê o CRMPR pra ditar o sigilo médico? Chega a ser vergonhoso!