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Aviso aos médicos e médicas da Fundação Estatal de Atenção à Saúde de Curitiba

O Simepar informa:

  1. Foi firmado Acordo Coletivo de Trabalho 2023-2024 entre o Simepar a Fundação Estatal de Atenção à Saúde de Curitiba (FEAS) segundo o qual a Fundação aumentará a remuneração dos médicos empregados em 4%, retroativo a maio de 2023. A Fundação se comprometeu, ainda, a efetuar o pagamento das diferenças do período maio a agosto de 2023, em duas parcelas.
  2. Ficou acordado o aumento do vale refeição, o qual passará a R$ 640,00 a partir de novembro de 2023.
  3. Considerando a recente decisão do Supremo Tribunal federal, passa a ser devida contribuição negocial a ser paga pelos médicos da FEAS ao Simepar, no valor de R$ 120,00; garantido direito de oposição, que poderá ser feita em resposta a e-mail que será enviado a todos/as os médicos e médicas da FEAS.

LEIA TAMBÉM: Simepar firma Acordo Coletivo com a FEAS Curitiba para 2023/2024

Programa Nacional de Imunizações completa 50 anos

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) completa meio século neste mês de setembro. Criado em 18 de setembro de 1973 para coordenar as ações de vacinação no País, o PNI foi determinante para mudar o perfil epidemiológico das doenças imunopreveníveis no Brasil e garantir qualidade de vida para toda a população. Esse sucesso pode ser comprovado pela erradicação da varíola e pela eliminação da poliomielite, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita.

A atuação do PNI também proporcionou uma redução drástica dos casos e óbitos de doenças como covid-19, influenza, difteria, tétano e coqueluche. A imunização contribuiu, ainda, para evitar sequelas como surdez, cegueira e paralisia.

Com o PNI, o Brasil tornou-se uma das referências mundiais em imunizações e possui um dos maiores programas de vacinação do mundo, com ampla expertise em vacinação de grandes contingências populacionais.

Apesar das muitas vitórias alcançadas ao longo dos 50 anos do programa, ainda existem obstáculos a serem superados, como retomar a confiança da população na segurança das vacinas. Por isso, o Ministério da Saúde tem investido em campanhas e ações junto aos estados e municípios para ampliar a vacinação e retomar os antigos patamares de cobertura vacinal.

As informações são do Ministério da Saúde.

Saúde fortalece ações contra a Dengue no Oeste do Paraná e divulga boletim com 192 novos casos

Desde o início de setembro, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) intensifica as ações para o enfrentamento da dengue, chikungunya e zika neste novo período epidemiológico das arboviroses 2023/2024, iniciado em 30 de julho. Uma dessas iniciativas reuniu profissionais da saúde dos municípios de abrangência da 9ª Regional de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, região com elevado número de casos durante o período anterior.

A oficina teve como principal objetivo a elaboração do Plano de Contingência Municipal para o enfrentamento de epidemias causadas pelo vetor Aedes aegypti. Durante o encontro, técnicos da Sesa alertaram os representantes dos municípios da 9ª RS – Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Matelândia, Medianeira, Missal, Ramilândia, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu e Serranópolis do Iguaçu – sobre os possíveis surtos, epidemias e as principais ações a serem realizadas.

O Plano de Contingência prevê ações dos cinco componentes do Programa Nacional Controle da Dengue: Controle Vetorial, Atenção à Saúde, Vigilância Epidemiológica, Comunicação e Gestão e Mobilização.

“No período sazonal anterior foram contabilizados muitos casos não só de dengue, mas também de chikungunya. O Estado não mede esforços para conter a doença em todas as regiões, mas, onde foi registrado maior número de casos, intensificaremos nossas ações junto aos municípios”, ressaltou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

No período epidemiológico anterior (31/07 de 2022 a 29/07 de 2023), a 9ª RS contabilizou 19.542 casos de dengue e 23 óbitos pela doença, além de 575 diagnósticos de chikungunya, sem mortes. Neste novo ciclo, desde 30 de julho, são 107 casos de dengue e cinco de chikungunya, do total de seis no Estado.

INFORME SEMANAL – O boletim da dengue divulgado nesta terça-feira (12) pela Sesa registra 192 novos casos, sem óbitos pela doença no Paraná. O período epidemiológico 2023/2024 soma 764 casos confirmados e 6.397 notificações em todo Estado. Dos 399 municípios, 87 apresentaram casos autóctones, ou seja, quando a doença é contraída localmente, e 260 registraram notificações.

O mosquito Aedes aegypti também é responsável pela transmissão dos vírus que causam zika e chikungunya. Durante este período não houve confirmação de casos de zika, somente sete notificações. O novo boletim confirmou dois novos casos de chikungunya. Desde o o início do atual período epidemiológico há seis diagnósticos confirmados, cinco deles autóctones, e 80 notificações

MONITORAMENTO – A Sesa publicou também o informe entomológico com informações sobre o índice de infestação e depósitos predominantes do vetor. No período de 17 de junho a 14 de agosto, dos 399 municípios do Paraná, seis estão classificados em situação de risco entomológico para desencadear epidemia, 116 em alerta e 221 em situação satisfatória para o IIP (Índice de Infestação Predial). Os demais não enviaram informações ou não realizaram o monitoramento.

PRINCIPAIS DEPÓSITOS – O Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) define depósito como todo recipiente utilizado para finalidade específica que armazene ou possa vir a armazenar água e que esteja acessível à fêmea do mosquito, onde ela pode depositar seus ovos.

Segundo o levantamento entomológico feito durante o período, mais de 66,3% dos criadouros são passíveis de eliminação, como vasos de plantas, pneus e lixo, sucatas e entulhos de construção, o que evidencia a necessidade de sensibilização da sociedade para o cuidado com seu domicílio e a intensificação dos serviços de limpeza urbana e destinação adequada de resíduos.

Confira AQUI o boletim da dengue divulgado nesta terça-feira (12) e outras informações detalhadas no site de monitoramento da doença.

Matéria da Agência Estadual de Notícias.

Saúde realiza pesquisa inédita para prevenir diabetes no Brasil

A diabetes é uma doença que pode ser congênita ou adquirida e que se caracteriza pela alta concentração de glicose no sangue. O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), ficando atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.

Atento a esse cenário e pensando no bem-estar da população brasileira, o Ministério da Saúde está realizando, em parceria com a Beneficência Portuguesa de São Paulo, pesquisa inédita para avaliar como as pessoas com alto risco de desenvolver diabetes tipo 2 são identificadas e recebem os cuidados de saúde no SUS.

A iniciativa conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes e é uma entrega do projeto Programa de Prevenção de Diabetes (Proven-Dia), desenvolvido no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), parceria realizada entre Ministério da Saúde e hospitais de Excelência para fortalecer o SUS.

Não há ainda no Brasil um inquérito que identifique como as pessoas com alto risco para desenvolver diabetes estão sendo cuidadas. Assim, uma das entregas do projeto é estimar como é realizado o cuidado do paciente com alto risco de desenvolver diabetes tipo 2. A pesquisa irá apresentar perguntas diretas e focadas para profissionais de saúde e para instituições, como unidades de saúde, hospitais, clínicas particulares, ambulatórios, de modo geral.

De acordo com Angela Bersch, pesquisadora do Proven-Dia e professora assistente da Harvard School Public Health, os resultados desse inquérito ajudarão a entender o cenário nacional e organizar propostas assertivas e aplicáveis para brasileiros com risco de ter diabetes. “A participação de profissionais de saúde e gestores dos serviços de saúde é essencial para compreender o cenário, e com os dados, aprimorarmos a qualidade dos serviços oferecidos e, consequentemente, melhorar a vida de milhares de brasileiros”, declarou.

Os formulários seguem disponíveis para preenchimento até o dia 30 de setembro de 2023.

Benefícios ao SUS

O tratamento da diabetes tem um relevante impacto econômico no SUS. A falta de ações preventivas leva a uma utilização massiva dos serviços de saúde, causando perda de produtividade e demandando cuidados prolongados para tratar suas complicações crônicas, como insuficiência renal, cegueira, problemas cardíacos e pé diabético.

“É relevante apresentar propostas que visam a prevenção dessa patologia, como o PROVEN-Dia, que avalia sua eficácia, bem como compreende a sua relevância e aplicabilidade prática” relata Angela. As considerações que serão levantadas pela iniciativa auxiliarão na construção de um programa mais amplo e adaptado ao contexto brasileiro.

Sobre o PROADI-SUS

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) foi criado em 2009 para apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada.

Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hcor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês.

As informações são do Ministério da Saúde.

Substituição vacina da gotinha na prevenção à pólio aumentará proteção

As gotinhas que entraram para a história da imunização ao eliminarem a poliomielite no Brasil ganharam uma previsão de aposentadoria, e a substituição da vacina oral contra a doença pela aplicação intramuscular significará uma proteção ainda maior para os brasileiros.

No último dia 7 de julho, o Ministério da Saúde anunciou que vai substituir gradualmente a vacina oral poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024. A decisão foi recomendada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que considerou as novas evidências científicas que indicam a maior segurança e eficácia da VIP.

Apesar da novidade, o Ministério da Saúde fez questão de destacar que o Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis, participando das ações de imunização e campanhas do governo.

A poliomielite é uma doença grave e mais conhecida como paralisia infantil, por deixar quadros permanentes de paralisia em pernas e braços, forçando parte dos que se recuperam a usar cadeiras de rodas e outros suportes para locomoção. A enfermidade também pode levar à morte por asfixia, com a paralisia dos músculos torácicos responsáveis pela respiração. Durante os períodos mais agudos em que a doença circulou, crianças e adultos com casos graves chegavam a ser internados nos chamados “pulmões de aço”, respiradores mecânicos da época, dos quais, muitas vezes, não podiam mais ser retirados.

A partir dos 2 meses

A vacinação contra a poliomielite no Brasil é realizada atualmente com três doses da VIP, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da VOP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

A partir do primeiro semestre de 2024, o governo federal começará a orientar uma mudança nesse esquema, que deixará de incluir duas doses de reforço da vacina oral, substituindo-as por apenas uma dose de reforço da vacina inativada, aos 15 meses de idade. O esquema completo contra a poliomielite passará, então, a incluir quatro doses, aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade.

A facilidade de aplicação e o baixo custo contribuíram para que as gotinhas tivessem sido a ferramenta para o Brasil e outros países vencerem a poliomielite, explica a presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil, Luíza Helena Falleiros Arlant. A comissão é uma entidade que existe no Programa Nacional de Imunizações (PNI) junto à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Em 2023, o programa completa 50 anos.

“Em 1988, havia mais de 350 mil casos de pólio no mundo. Crianças e adultos paralisados. Naquela época, o que era preciso fazer? Pegar uma vacina oral que pudesse vacinar milhões de pessoas em um prazo curto para acabar com aquele surto epidêmico. Eram muitos casos no mundo todo, uma tragédia”, contextualiza Luíza Helena.

Ciência evoluiu

O sucesso obtido com a vacina oral fez com que a pólio fosse eliminada da maior parte dos continentes, mas pesquisas mais recentes, realizadas a partir dos anos 2000, mostraram que a VOP era menos eficaz e segura que a vacina intramuscular. Em casos considerados extremamente raros, a vacina oral, que contém o poliovírus enfraquecido, pode levar a quadros de pólio vacinal, com sintomas semelhantes aos provocados pelo vírus selvagem.

“Crianças com desnutrição, com verminoses ou doenças intestinais podem ter interferências na resposta à vacina oral. Já a vacina inativada, não. Ela protege muito mais, sua resposta imunogênica é muito mais segura, eficaz e duradoura. Há uma série de vantagens sobre a vacina oral. Tudo isso não foi descoberto em uma semana, foram estudos publicados que se intensificaram a partir de 2000.”

Desde então, países de todo o mundo vêm substituindo gradativamente a vacina oral pela inativada, o que já foi feito por ao menos 14 países na América Latina. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a vacina inativada substitua a oral em todo o mundo até 2030.

A presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil acrescenta que a vacina inativada produz menos eventos adversos que a oral, e também traz maior segurança para a pessoa vacinada e para a coletividade.

Para compreender essa diferença, é preciso conhecer melhor o funcionamento dessas duas vacinas. A oral contém o poliovírus atenuado, isto é, ainda “vivo”, porém enfraquecido, de modo que não cause mais a doença. Já a vacina inativada recebe esse nome porque o vírus já foi inativado, “morto”, e não há mais chances de que possa sofrer mutações ou e se reverter em uma forma virulenta.

Estudos sobre o tema têm se intensificado a partir dos anos 2000, conta Luiza Helena, e constatou-se que o poliovírus atenuado que entra no organismo com a imunização pode sofrer mutações e voltar a uma forma neurovirulenta ao ser excretado no meio ambiente com as fezes. Já se tinha conhecimento dessa possibilidade, pondera a pesquisadora, mas hoje se sabe que ela é mais frequente do que se acreditava.

“Hoje a gente sabe que o vírus mutante eliminado pelo intestino pode acometer quem está do lado, e, se essa pessoa não estiver devidamente vacinada, ela pode ter pólio”, afirma ela, que acrescenta que alguns fatores contribuem para elevar esse risco, como as baixas coberturas vacinais contra a poliomielite nos últimos anos e a existência de populações sem saneamento básico, o que pode provocar o contato com esgoto ou água contaminada por fezes que contêm poliovírus selvagens ou mutantes.

Segundo a pesquisadora, é importante ressaltar que, enquanto houver poliomielite no mundo, todas as pessoas estão sob risco de adquirir a doença.

“Os vírus da pólio circulam e podem acometer qualquer pessoa. Se essas pessoas, especialmente crianças, não estiverem devidamente vacinadas com uma vacina eficaz, preferencialmente inativada, não estarão imunes e podem ter a doença. Mesmo que haja um contato com o vírus, vacinados não desenvolvem a doença.”

Baixas coberturas

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.

Depois de 2016, a cobertura entrou em uma trajetória de piora que chegou a 71% em 2021. Em 2022, a cobertura subiu para 77%, mas continua longe da meta de 95% das crianças protegidas.

O percentual a que se refere a cobertura vacinal mostra qual parte das crianças nascidas naquele ano foi imunizada. Isso significa que não atingir a meta em sucessivos anos vai criando um contingente cada vez maior de não vacinados. Ou seja, se considerarmos os últimos dois anos, 29% das crianças nascidas em 2021 e 23% das nascidas em 2022 estavam desprotegidas. Como mais de 1,5 milhão de bebês nascem por ano no Brasil, somente nesses dois anos foram mais de 780 mil crianças vulneráveis a mais no país.

As coberturas nacionais também escondem desigualdades regionais e locais. Enquanto o Brasil vacinou 77% dos bebês nascidos em 2022, a cidade de Belém vacinou apenas 52%, e o estado do Rio de Janeiro, somente 58%.

Área livre da pólio

O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1989 e, em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem, em conjunto com todo o continente americano.

A vitória global sobre a doença com a vacinação fez com que o número de casos em todo o mundo fosse reduzido de 350 mil, em 1988, para 29, em 2018, segundo a OMS. O poliovírus selvagem circula hoje de forma endêmica apenas em áreas restritas da Ásia Central, enquanto, em 1988, havia uma crise sanitária internacional com 125 países endêmicos.

Sequelas

Com a eliminação da doença, é cada vez mais raro conhecer alguém que viva com as sequelas da pólio, mas essa já foi uma realidade muito mais frequente no Brasil. O ator e músico Paulinho Dias, de 46 anos, conta que teve a doença menos de duas semanas após seus primeiros passos, com 11 meses de idade.

“A pólio afetou meus membros inferiores. Da cintura para baixo, afetou ambas pernas, porém, a maior sequela foi na perna direita, em que fiz mais de dez cirurgias, entre elas de tendão, de nervo que foi atrofiando e de alongamento ósseo, porque a perna começou a ficar curta, porque não acompanhou o crescimento da outra. Antes dessa cirurgia, quase não encostava o pé no chão.”

Paulinho se lembra de relatos da mãe de que inúmeras crianças no entorno também tiveram pólio. A falta de informação na época, em 1977, fazia com que muitas famílias buscassem benzedeiras na ausência de outros recursos, dando ainda mais tempo para agravamento dos casos e disseminação do vírus.

“Eu sempre fui a favor das vacinas, mas confesso que nunca fui panfletário em relação a elas até a pandemia de covid-19, que a gente viveu. E também, em pleno século 21, com o risco de a pólio voltar e o risco de outras doenças preveníveis por vacinas voltarem por conta da desinformação, movimentos antivacinistas, medos bobos. Sempre que eu posso, falo para as pessoas se vacinarem, porque é um ato de amor. Vacinem seus filhos, poupem de sofrimento.”

Matéria da Agência Brasil

Novo medicamento para tratamento da Fibrose Cística é incorporado ao SUS

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou no último dia 05 a portaria de inclusão da terapia tripla  elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor que já recebeu recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) por trazer benefícios clínicos importantes, como a melhora da função pulmonar e do estado nutricional, com consequente redução das internações hospitalares e retirada do paciente da fila de transplantes. O ato de assinatura aconteceu no Dia Nacional de Conscientização e Divulgação da Fibrose Cística.

Nísia reafirmou a visão de que as tecnologias são incorporadas ao SUS com compromisso de acesso. “Essa incorporação tem a ver com a possibilidade de dar vida e qualidade de vida. A gente pode pensar muito mais a partir do dia de hoje. Podemos pensar com uma colaboração para a expansão deste e de outros medicamentos. Aqui, de fato, no SUS, orientados por essa visão, é um jogo de ganha-ganha e acho que hoje é uma demonstração muito eloquente disso”, declarou.

O medicamento será indicado para pacientes com 6 anos de idade ou mais que tenham pelo menos uma mutação F508del no gene CFTR, mais comum entre os que vivem com a doença. Hoje, o Registro Brasileiro de Fibrose Cística estima cerca de 1,7 mil pessoas elegíveis a esse tratamento. Com a medida, o Ministério da Saúde elimina a necessidade de judicialização, por ter conseguido valor compatível para compra. O uso racional de tecnologias é a melhor forma de garantir o direito à saúde e ao tratamento adequado.

O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, Carlos Gadelha, apresentou o contexto da doença no Brasil e disse que a projeção que se faz são 30 anos de expectativa de vida a mais com este medicamento. “Estudo com 16 mil pacientes demonstrou redução de 72% na mortalidade e de 85% na taxa anual de transplantes de pulmão. Não existe saúde ou sistema universal que não tenha uma instância de incorporação tecnológica. A gente tem que desjudicializar o SUS”, defendeu.

O SUS conta com uma rede estruturada que permite rastreamento, diagnóstico precoce, monitoramento e assistência aos pacientes, sendo 75% deles menores de 18 anos de idade, dada a mortalidade precoce dos acometidos pela doença no Brasil. A fibrose cística é considerada rara com uma prevalência estimada em 1 a cada 10 mil nascidos vivos no país. Por se tratar de uma condição genética, acompanha o paciente desde o nascimento, não podendo ser adquirida ao longo da vida. O Teste do Pezinho é o responsável pelo diagnóstico precoce e deve ser feito entre o terceiro e o quinto dia após o nascimento da criança.

A fibrose cística é uma doença genética grave, caracterizada clinicamente pelo excesso de produção de muco espesso no pulmão, o que provoca quadros frequentes de inflamação brônquica e infecção pulmonar, com comprometimento progressivo da função dos pulmões. Essa secreção também pode ocasionar diminuição de função do pâncreas e outros órgãos do trato digestivo. O tratamento padrão é baseado no controle dos sintomas da doença. Cerca de 4,3 mil pessoas com fibrose cística recebem tratamento medicamentoso pelo SUS atualmente.

O novo tratamento atua na causa base, normalizando a produção e eliminação do muco das vias respiratórias, diminuindo a inflamação, melhorando a função pulmonar e diminuindo exacerbações e infecções recorrentes. O prazo para disponibilização do medicamento é de 180 dias a partir da publicação da portaria no Diário Oficial da União.

As informações são do Ministério da Saúde

Vacinas contra Sarampo, Meningite e Pólio evitam sequelas para a vida toda

Em 1960, Helena Teodoro Michelon tinha 1 ano e 2 meses de idade quando deu entrada no Hospital das Clínicas de São Paulo, com a perna direita paralisada. Até então, a febre alta tinha sido tratada com dipirona por um farmacêutico, mas o temido sintoma alertou a avó e a mãe de que o motivo poderia ser mais grave. As duas viraram a noite para conseguir uma vaga de internação.

“Só naquela noite, junto comigo, internaram 49 crianças com pólio. E lá fiquei dois meses, em um isolamento só com crianças com pólio. Fiquei no pulmão de aço. Assim começou minha luta de sequelada da pólio”, conta Helena, que hoje tem 64 anos. “Falo para as mães novas que não deixem de vacinar seus filhos. Me olhem, olhem com olhos fixos, porque eu sou prova viva da sequela da pólio. A sequela da pólio é o que eu sou hoje. Então, prestem atenção. A sequela da pólio é para o resto da vida, não tem cura. É uma deficiência permanente”.

A prevenção da paralisia infantil era uma esperança urgente, mas ainda distante no ano em que Helena foi internada. Albert Sabin havia descoberto a vacina oral contra a poliomielite (VOP) três anos antes, e a vacinação contra a doença no Brasil começaria apenas em 1961, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O Plano Nacional de Controle da Poliomielite, primeira tentativa organizada nacionalmente de controlar a doença no país, viria apenas 10 anos depois, em 1971.

“Perto da minha casa, teve o Fernando, a Elizabeth, a filha dela… Que eu conheci, foram quatro crianças com pólio. Comigo, cinco”, lembra Helena.

“Eu fui tomar vacina de pólio quando já estava grande, com 7 anos de idade, na escola. Vi os casos diminuindo até chegar nos anos em que tinha sido exterminado da gente esse vírus maldito”.

A eliminação da poliomielite do Brasil foi reconhecida pela Organização Pan-Americana de Saúde em 1994, mas o último caso registrado foi em 1989. Helena Teodoro já era mãe de três filhos. “É óbvio que a gente recebeu com a maior alegria essa notícia, por que qual é a mãe que quer ver um filho acometido por uma sequela que fica para o resto da vida? Se a pólio não voltar, ela termina com a gente. Espero que isso aconteça. Percorremos todo esse percurso da vida e estamos terminando, estamos idosos. Então, espero que as mães tenham consciência”.

Doença que pode ser prevenida pela vacina do PNI, a poliomielite tem um esquema vacinal com três doses da vacina inativada da pólio, injetada, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da vacina oral, em gotinhas, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Sequelas

A alta hospitalar após dois meses de internação foi o início da saga de Helena Teodoro para enfrentar as sequelas da pólio, o preconceito e a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência no Brasil. O encurtamento na perna direita continuou por toda a vida, e, para que sua mobilidade pudesse ter uma melhora, ela passou por 13 cirurgias entre os 13 e os 16 anos na Santa Casa de Misericórdia, onde recebeu também a indicação para usar uma órtese que desse firmeza à perna mais afetada.

“O meu carrinho de bebê, que o meu pai comprou pra mim antes de eu nascer, quando minha mãe foi vender, a pessoa falou: não vou comprar, porque ela teve paralisia e pode passar pra minha criança. Tinham mães que pediam para os filhos se afastarem da gente na escola. Havia muito preconceito”, lembra. “Não tinha acessibilidade nenhuma na escola. Eu tinha que subir escadas para ir à aula que não tinham corrimão. Pra subir, eu conseguia, sentando e encostando na parede. Mas, para descer, descia rolando. Se chovia na escola, eu não descia nem no recreio. Para ir ao banheiro, eu precisava ajuda das professoras e nem sempre elas estavam dispostas a ajudar”.

O uso de órtese e a dificuldade de caminhar se agravaram conforme a dona de casa envelheceu. Em 1998, uma queda fez com que fraturasse o joelho e iniciasse o acompanhamento na Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD), instituição sem fins lucrativos fundada inicialmente para acompanhar crianças com sequelas da poliomielite. A superintendente de práticas assistenciais da AACD, Alice Rosa Ramos, conta que hoje os pacientes com sequelas da poliomielite são poucos e com tratamentos de longa data, ou imigrantes de países onde a pólio não foi eliminada ainda.

“Mas a gente tem outras doenças também, principalmente o sarampo e a meningite, que podem ser prevenidas por vacina e causam principalmente quadros importantes de lesão encefálica e de sequelas motoras, visuais, auditivas e intelectuais. O sarampo e as doenças pós meningite têm uma extensão de sequelas muito maior”, acrescenta. “A falta do conhecimento da sequela leva muita gente a optar por não vacinar. Ninguém em sã consciência vai optar por participar de uma roleta russa. O número de pessoas com a sequela realmente é pequeno se comparado ao todo. Mas e se for eu? E se for o meu filho? O meu neto? Vou fazer uma aposta nisso? Eu não apostaria”.

Múltiplas cirurgias

No caso dos pacientes de pólio, é comum que apresentem em algum momento da vida a síndrome pós-pólio, com um quadro de dor, perdas motoras, maior dificuldade funcional. A médica acrescenta que a própria idade faz com que pacientes já sequelados percam ainda mais mobilidade e, por exemplo, parem de andar com órteses e fiquem na cadeira de rodas. No caso dos pacientes com sequelas da pólio, limitações motoras que são comuns à velhice chegam mais cedo e de forma mais rápida.

“Todos temos perdas funcionais. Só que eles já têm a perda, e isso se acentua com a idade, com o ganho de peso. As limitações se tornaram maiores pela associação entre o envelhecimento e a doença de base”, conta. “São pessoas que precisam de um esquema de saúde grande, com muitas cirurgias ao longo da vida para corrigir deformidades ortopédicas. Muitos evoluem com escoliose, precisam de cirurgias grandes na coluna, que podem levar a restrições respiratórias. A pólio não requer só fisioterapia. Ela requer muito tratamento cirúrgico e muitos aparelhos ortopédicos.”

No caso do sarampo, Alice conta que as sequelas são ainda mais graves, com grandes comprometimentos visuais, auditivos, intelectuais e físicos. “São crianças que vão precisar ser cuidadas ao longo de toda vida. A pólio causa a paralisia flácida, que é o músculo atrofiado, mais molinho. Mas tanto no sarampo como na meningite, a gente tem uma lesão cerebral. Ocorre um aumento do tônus muscular, causado por uma lesão central, com músculos muito tensos, que fazem a pessoa entrar em várias deformidades”, diz a médica, que detalha: “Na visão, posso ter desde a baixa de visão até a cegueira total. Da mesma forma que o intelecto, que posso ter crianças que entendem um pouco ou que deixam de entender absolutamente tudo. E isso pode afetar um adulto também”.

Diante de tantos quadros graves de saúde, a médica ressalta que tudo isso pode ser evitado com a vacinação gratuita e disponível nas unidades básicas de saúde. “As pessoas mais jovens deixaram de ter contato com os sequelados da pólio. Muitos profissionais, médicos mesmo, não viveram a pólio. Um problema que a gente tem é que muitos ortopedistas que operaram casos de pólio morreram ou já se aposentaram, e no treinamento não foi mais necessário ensinar aos ortopedistas, porque a pólio desapareceu. Se voltar, vou ter que fazer a reciclagem de um monte de gente em todo o país”, alerta ela.

Amputações

Entre as mais severas doenças imunopreveníveis está a meningococcemia, infecção generalizada causada pela bactéria meningococo. Esse foi o caso do paciente Hugo Oliveira da Silva, de 16 anos, que teve a doença meningocócica aos 7 meses. Após apenas um dia, a infecção causou uma gangrena na perna esquerda e, consequentemente, a amputação deste membro.

A mãe de Hugo, Maria Francisca de Oliveira Silva, de 47 anos, conta que a doença progrediu de forma rápida. “Ele foi dormir bem e acordou com um febrão de 40 graus. Levei na pediatra e, chegando lá, ela fez todos os exames e procedimentos, mas não conseguia baixar a temperatura. Antes dos exames ficarem prontos, a pediatra percebeu que o corpo dele estava cheio de manchas vermelhas, que foram aumentando com a formação de bolhas de água. Foi então que a pediatra falou que o caso dele era meningococcemia”.

Durante a internação, a doença causou uma série de complicações, como insuficiência renal e hepatite medicamentosa, que também deixaram sequelas que precisam ser acompanhadas até hoje. “Ele vai no hepatologista, no ortopedista, faz tratamento com fonoaudiólogo, fisioterapia, hematologista e gastro”.

Na AACD desde 1 ano e 9 meses, ele passou pela terapia ocupacional, fisioterapia solo, fisioterapia aquática, musicoterapia e fonoaudiologia. Atualmente, já não é atendido mais no Centro de Reabilitação da Instituição, porém ainda conta com acompanhamento médico e na Oficina Ortopédica para ajuste ou troca de prótese da perna amputada.

A meningite meningocócica pode ser prevenida pela vacina meningocócica C conjugada, que deve ser administrada com duas doses, aos 3 e aos 5 meses de idade, e requer ainda uma dose de reforço aos 12 meses. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece ainda a vacina meningocócica ACWY a adolescentes de 11 a 14 anos de idade.

Já o sarampo é prevenido pelas vacinas tríplice e tetra viral. A primeira é aplicada quando a criança completa o primeiro ano de vida, e protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a segunda é indicada para os 15 meses de vida, com ao menos 30 dias de intervalo após a tríplice viral.

Matéria da Agência Brasil

Doenças erradicadas por vacinas matavam mais que guerras mundiais

A dor crônica na perna direita foi um tormento na vida da pintora Frida Kahlo, um dos maiores nomes das artes plásticas da América Latina. Infectada pelo poliovírus aos 6 anos, a mexicana teve que conviver toda a vida com as sequelas da poliomielite, que deixaram a perna atrofiada, mais fina e curta que a outra.

Acometido pelo mesmo vírus, o jornalista Boris Casoy só começou a andar aos 9 anos de idade, depois de uma cirurgia feita nos Estados Unidos para tratar sequelas causadas pela poliomielite. O compositor canadense Neil Young também precisou reaprender a andar após se recuperar de um quadro da doença, que quase o levou à morte.

Histórias como essas só se tornaram raras devido à vacinação contra a poliomielite. A imunização avançou com mais força na segunda metade do século 20. Antes que isso acontecesse, a doença paralisava mil crianças por dia no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde – por isso passou a ser temida e mais conhecida com o nome de paralisia infantil.

Especialista em vacinas e integrante da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações do Estado de São Paulo, o médico Guido Levi explica que há um consenso internacional de que as vacinas foram o fator de maior impacto na saúde humana nos últimos anos, sendo tão importantes quanto o acesso ao saneamento básico e à água potável.

“Calcula-se que, no mundo todo, nos últimos 200 anos, a vacinas seriam responsáveis por um aumento médio de 30 anos no tempo de vida das pessoas. No Brasil, isso ocorreu em um período muito mais curto e mais recente. No início da década de 1970, o tempo de vida médio da nossa população era de 45 anos. Hoje, é mais de 75 anos. O principal fator para isso foi a criação do Programa Nacional de Imunizações [PNI], em 1973”, afirma.

“Todos que temos mais idade ou estudamos esse período vimos crianças com muletas, pernas mecânicas ou coisas piores. Quando a doença acometia os nervos que controlavam a respiração, a criança ia para um pulmão de aço, uma máquina que fazia sua respiração artificialmente. E, lá, elas entravam para ficar o resto da vida. Visitei uma enfermaria de pulmão de aço e foi uma das coisas mais chocantes que aconteceram na minha carreira profissional.”

Varíola erradicada

A poliomielite é um dos casos mais emblemáticos dessa transformação, mas não foi o primeiro. Em 1980, as vacinas levaram a humanidade a erradicar a varíola, enfermidade responsável por milhões de mortes e associada a crises sanitárias ao longo da história, como a epidemia que culminou na Revolta da Vacina, no Brasil. Para se ter uma ideia da gravidade da varíola, é preciso destacar que a doença fez 300 milhões de vítimas apenas no século 20. A dimensão desse número supera as mortes causadas pelas duas guerras mundiais e o Holocausto nazista, além de diferentes estimativas de vítimas da colonização europeia na América.

A coordenadora da Assessoria Clínica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Lurdinha Maia, destaca que erradicar uma doença como essa é a maior prova dos benefícios da vacinação. “A importância da vacinação na idade certa e no tempo adequado tem como maior exemplo não termos mais a varíola no mundo inteiro. Essa é uma doença terrível, que dizimou a população mundial. Quando a gente fala de pólio, o último caso no Brasil foi em 1989, em Souza, na Bahia. E o último caso nas Américas foi em 1994. Infelizmente tivemos agora um caso no Peru. Isso deixa em alerta todos os países vizinhos.”

A história das vacinas e a história da varíola se misturam, uma vez que o primeiro imunizante do mundo foi desenvolvido para prevenir contra essa doença. O inglês Edward Jenner, no século 18, inventou a primeira vacina na tentativa de conter a varíola, e conseguiu amenizar os casos graves em pacientes vacinados. As primeiras epidemias de varíola foram oficialmente registradas na Europa durante a Idade Média, no século 10. Cientistas investigam, porém, vestígios muito anteriores que indicam possibilidades de casos no Antigo Egito, nas Cruzadas e navegações vikings.

No Brasil, a história da doença está relacionada à colonização, e o primeiro surto registrado de varíola ocorreu em meados de 1555, quando a enfermidade foi introduzida no Maranhão por colonos franceses. O tráfico de africanos escravizados e a imigração portuguesa também causaram surtos no país, do litoral para o interior. A eliminação da doença no Brasil é anterior à criação do PNI, e se deu em 1971, seis anos antes do último surto no mundo, registrado em 1977, na Somália. Em 2023, o programa completa 50 anos.

Vitória contra a pólio

No Brasil, as campanhas contra a doença ganharam força na década de 1980, e o último caso registrado foi em 1989. Pesquisador de Bio-Manguinhos/Fiocruz desde a década de 1960, Akira Homma participou do trabalho de estruturar a produção das vacinas contra a poliomielite no Brasil, decisivo para que a doença fosse erradicada.

Homma integrou, como técnico, os primeiros testes da vacina oral contra a poliomielite no país, na década de 1960, no Instituto Adolfo Lutz, e ajudou a organizar o laboratório de virologia quando entrou na Fiocruz, em 1968, participando do isolamento e caracterização do vírus da pólio. Após experiências no exterior, Homma chegou à direção de Bio-Manguinhos nas décadas de 1970 e 1980, quando a produção da vacina oral no Brasil foi de fato estruturada.

Ele destaca que fabricar a vacina no país foi de extrema importância, mas a mobilização social para que as vacinas chegassem às crianças na época, por meio dos dias nacionais de Vacinação, também teve um papel central.

“O governo federal possibilitou a adesão de todos os ministérios à campanha, e também toda a sociedade brasileira foi envolvida nesse processo. Houve uma motivação muito grande da sociedade e até da iniciativa privada. Houve a participação de milhares de voluntários, e também a mídia explicando o papel da vacinação. Em 1980, tínhamos 1.290 casos de poliomielite. Em 1981, caiu para 122. Em 1982, para 42 casos. E, em 1989, acontece o último caso. Esse é o impacto de altas coberturas vacinais. Em um dia se conseguia vacinar 18 milhões de crianças.”

Apesar da vitória nacional contra a doença no passado, a poliomielite ainda existe de forma endêmica no Afeganistão e no Paquistão, e teve casos pontuais registrados recentemente no continente africano, nos Estados Unidos, em Israel e no Peru.

Tétano materno e neonatal

Ameaça grave à saúde dos recém-nascidos, o tétano materno e neonatal era conhecido como o “mal dos sete dias”, porque surgia a partir de uma semana após o parto e tinha uma evolução aguda e letal, causando contraturas musculares generalizadas que poderiam se agravar até impedir a respiração. A doença foi considerada eliminada de todo o continente americano em 2017, mas chegou a ser responsável por mais de 10 mil mortes de recém-nascidos ao ano na região. No Brasil, foi eliminada em 2012.

Os bebês são contaminados pela bactéria causadora do tétano durante o parto, por motivos como falta de condições e instrumentos esterilizados, mas a vacinação das gestantes e mulheres em idade fértil com a vacina contra tétano, difteria e coqueluche acelular (dTpa) foi um motivo decisivo para essa doença ter praticamente desaparecido, porque os anticorpos são transmitidos pela mãe aos filhos.

“Hoje, a maior parte das enfermarias de tétano que existiam está fechada, principalmente pelo uso bastante extenso da vacinação antitetânica”, conta Guido Levi. “As crianças morriam rapidamente, em poucos dias. No máximo, em uma semana ou duas. Também não havia tratamento adequado.”

Rubéola congênita

A eliminação da síndrome da rubéola congênita é outro motivo para comemorar o sucesso da vacinação. Transmitida pela placenta ao feto, a infecção da mãe pelo vírus da rubéola pode resultar em aborto, morte fetal ou anomalias congênitas como diabetes, catarata, glaucoma e surdez, sendo este último o sintoma que aparece primeiro. Dependendo da fase da gestação em que ocorrer a infecção, a chance de a doença atingir o feto chega a 80%.

Os últimos casos da doença foram registrados no Brasil em 2010, e a síndrome foi declarada eliminada do continente americano em 2015. A consultora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) Carla Domingues ressalta que as sequelas causadas pela síndrome da rubéola congênita são irreversíveis, e, assim como em outras infecções, os problemas podem afetar diversas áreas da vida.

“São doenças que podem trazer problemas neurológicos seriíssimos que vão comprometer o lado cognitivo das crianças e o aprendizado”, alerta.

Matéria da Agência Brasil

Paraná antecipa ações de prevenção ao câncer de mama e convoca mulheres para exames

O Governo do Estado antecipou para setembro as ações de conscientização para prevenção ao câncer de mama e do colo do útero. Anualmente, as ações acontecem em outubro, mas neste ano já em setembro começam as iniciativas para chamar a atenção das mulheres sobre a importância da rotina de cuidado e prevenção da doença.

Esse movimento de conscientização da população, realização de ações e oferta de exames médicos em todo o Estado, conhecido como Paraná Rosa, tem o objetivo de aumentar o número de mulheres que procuram exames de rotina. Historicamente, em outubro, mês tradicional da campanha, há um aumento de 30% na realização dos exames de mamografia e a procura permanece em alta durante algum tempo, reflexo das ações publicitárias e da comunicação sobre o tema.

A primeira-dama do Estado, Luciana Saito Massa, destacou a importância da conscientização e do trabalho conjunto para a prevenção e combate ao câncer de mama. “Nossa missão é alcançar todas as mulheres do Paraná e oferecer a elas os recursos necessários para enfrentar os desafios com coragem e esperança”, afirma.

“O diálogo e as ações junto à população serão antecipadas em um mês pois precisamos disseminar o assunto, incentivar as mulheres a fazerem os exames para o diagnóstico precoce da doença. Vamos de agora até final de outubro intensificar as ações junto aos municípios e com a participação de todos teremos bons resultados”, complementa o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

EXAMES – Para atingir a população feminina nesse cuidado preventivo, os municípios reforçarão o trabalho de informação, busca ativa e realizações de ações para atender, principalmente, as que têm exames em atraso ou que nunca fizeram. Para esse atendimento, a rede pública estadual oferece 173 mamógrafos com exames realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de exame Papanicolaou, disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS).

O Governo do Estado, via Secretaria da Saúde, oferece cerca de 450.000 exames de mamografias durante todo o ano. Dados preliminares revelam que, desse total, 191.029 foram realizados de janeiro a julho de 2023.

Também são ofertados mais de 1.200.000 exames de citopatológicos e histopatológicos de mama e colo do útero, durante todo ano. Para a realização destes exames a paciente deve procurar uma unidade de saúde, onde o profissional fará as orientações necessárias, avaliação da mulher e solicitação e coleta dos exames preventivos.

Com a pandemia houve uma queda significativa da procura pelas mamografias, passando de 347.319, em 2019, para 191.048, em 2020. De acordo com o Sistema de Informação do Câncer (Siscan), em 2021 foram realizados 239.961 exames e no ano passado 319.857. Apesar de os números subirem a cada ano, a expectativa desta iniciativa é ir além, alcançando atendimento expressivo e que preencha o quantitativo ofertado.

“O objetivo é detectar o mais cedo possível algum sinal de anomalia ou algo diferente. Se o câncer de mama for descoberto de forma precoce, mais chances de cura a mulher tem”, alerta a diretora de Atenção e Vigilância da Sesa, Maria Goretti Lopes. “Não medimos esforços para orientar as mulheres dar atenção aos sinais. Estar em dia com os exames pode ser o grande diferencial entre a saúde e a doença”.

CÂNCER – O câncer de mama na população feminina é o tipo mais frequente (excluindo câncer de pele não melanoma). São estimados 3.650 novos casos a cada ano no Paraná. Já o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais frequente e são estimados 790 casos novos casos ao ano.

“Toda mulher com 40 anos ou mais deve procurar um ambulatório, centro ou posto de saúde para realizar o exame clínico das mamas, anualmente. Além disso, toda mulher, entre 50 e 69 anos deve fazer pelo menos uma mamografia a cada dois anos. O serviço de saúde deve ser procurado mesmo que não tenha sintomas”, reforça a chefe da Divisão de Atenção às Neoplasias, Rejane Cristina Teixeira Tabuti.

INFORMAÇÃO – O público feminino tem à disposição o projeto Ame-se, do Governo do Estado. A plataforma é uma das estratégias de orientação e suporte de informação, com diversos assuntos de saúde pública, além de outros temas relativos às mulheres paranaenses.

As informações são da Agência Estadual de Notícias

Mulheres e homens infectados pelo HPV também devem tomar a vacina

Vírus possui mais de 200 tipos e imunizante protege contra os principais deles, causadores de câncer de colo de útero, ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe.

Será que adianta tomar a vacina contra o HPV se você já contraiu o vírus? A resposta é sim. Mesmo após uma infecção, o imunizante pode beneficiar tanto mulheres como homens, uma vez que existem mais de 200 tipos do vírus, e quatro deles – 6, 11, 16 e 18, todos presentes na vacina – são os principais responsáveis por causar câncer de colo de útero, ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe.

Segundo o Ministério da Saúde, 80% dos indivíduos sexualmente ativos serão infectados por um ou mais tipos de HPV ao longo da vida. Mas uma pessoa infectada por um subtipo ainda pode se proteger contra os outros ao se vacinar.

Estudos já mostraram que a vacina é capaz de reduzir em até 80% as chances de recidiva (retorno da infecção) em pessoas que já apresentaram lesões causadas pelo HPV, de acordo com uma revisão da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Outros dados apresentados no artigo indicam que 99,6% das mulheres sexualmente ativas com até 45 anos podem se beneficiar do imunizante contra o HPV, já que muitas têm resultado negativo para o vírus ou são positivas para apenas um subtipo.

Além disso, existem evidências de que a infecção natural não gera imunidade suficiente para prevenir novas infecções – a quantidade de anticorpos produzidos costuma ser baixa e de pouca duração. Dois estudos, um da Universidade Johns Hopkins e outro da Universidade de Washington, mostraram que os níveis de anticorpos induzidos pela infecção pelo HPV-16 foram 50 a 60 vezes menores do que os títulos pós-vacinação.

Ambas as vacinas contra o HPV disponíveis no Brasil (quadrivalente e nonavalente) são seguras e não há registros de reações adversas graves relacionadas à vacinação em nenhuma faixa etária. O imunizante pode ser aplicado dos 9 aos 45 anos, em homens e mulheres, e não só protege contra a doença, como evita a contínua transmissão do vírus.

Os benefícios gerais da vacina são claros: uma revisão de 65 estudos conduzidos em 14 países, com 60 milhões de pessoas, mostrou uma queda 83% nos casos de HPV 16 e 18 (responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero), de 67% no aparecimento de verrugas genitais e de 51% no surgimento de lesões pré-cancerosas, em meninas de 15 a 19 anos.

Por que o SUS prioriza o público infantil

No Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra o HPV é administrada em meninos e meninas de 9 a 14 anos. O objetivo é proteger as pessoas contra o vírus antes de iniciarem a atividade sexual, que é o principal meio de transmissão. Dessa forma, a imunização acaba sendo mais efetiva nessa idade. Estudos já comprovaram que crianças e adolescentes vacinados produzem quantidades maiores de anticorpos do que os adultos. Por isso, é essencial estimular a vacinação nessa faixa etária.

No entanto, isso não significa que indivíduos mais velhos, que não tiveram oportunidade de se vacinar na infância, não possam se beneficiar da imunização, conforme apontam os dados da literatura científica. Atualmente, as vacinas contra HPV para adultos estão disponíveis somente na rede privada – a exceção é para homens e mulheres imunossuprimidos, transplantados ou pacientes oncológicos de até 45 anos, que têm direito de tomar o imunizante no SUS.

Matéria do Portal do Instituto Butantan.