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Hospitais das universidades estaduais registram aumento de 94% na captação de órgãos para transplante

Os complexos hospitalares das universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG) e do Oeste do Paraná (Unioeste) alcançaram resultados significativos na captação de órgãos e tecidos em 2022. Ao todo, foram recebidas 99 doações, o que representa um aumento de 94% em relação a 2021 (51).

O transplante é a única alternativa capaz de reestabelecer as funções de um órgão ou tecido comprometido em pessoas com doenças crônicas ou agudas. Um paciente pode doar o coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado, além de tecidos como córneas, pele, ossos, válvulas cardíacas e tendões. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil dispõe do maior programa público de transplantes do mundo. Em números absolutos, do total de transplantes realizados, o País fica em segundo lugar, atrás somente dos Estados Unidos.

Na UEL, o Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná registrou 41 captações de órgãos e tecidos no decorrer do ano passado, o que equivale a um aumento de 485% em relação ao ano anterior, quando foram realizados sete procedimentos. A unidade começou esse trabalho em 1998, com uma média de quatro captações nos dez primeiros anos. Em 2017 houve 45 procedimentos, o número mais alto da série histórica.

Em 2020, em decorrência das contraindicações relacionadas ao novo coronavírus, o HU da UEL registrou uma queda de 75% na captação de órgãos. Nesse período, o hospital se tornou uma referência no atendimento aos pacientes com suspeita da Covid-19 ou diagnosticados com a doença.

Segundo a enfermeira Caroline Marchi, a vacinação e outras medidas de combate ao novo coronavírus impactam positivamente na doação de órgãos. “Houve um aumento na captação de órgãos e tecidos em 2022, devido à diminuição dos casos de Covid-19. No ano passado, o hospital retomou os atendimentos aos pacientes com doenças clínicas, vítimas de traumas e acidentes”, afirma a profissional da saúde, que integra a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do HU-UEL.

O Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais, em Ponta Grossa, registrou um aumento de 77% na captação, totalizando 16 procedimentos, sete a mais do que no ano anterior (9). A taxa de recusa das famílias diminuiu de 40% em 2021 para 36%. Em Cascavel, o Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop) somou 36 captações de órgãos em 2022, um aumento de 38% em comparação ao ano anterior, com 26 procedimentos. Já a taxa de recusa das famílias é de 31%.

O HU da UEM registrou seis captações em 2022, contra nove em 2021. O HU criou o Serviço de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes em 2016. A unidade conta com um enfermeiro exclusivo para a captação de córneas. Os demais órgãos sólidos ficam sob a responsabilidade de equipes da Central Estadual de Transplantes, vinculada à Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa).

CONSCIÊNCIA E RECUSA – As doações são efetivadas somente depois da permissão e autorização expressa de parentes próximos. Nesse cenário, o HU de Maringá, no Noroeste do Estado, é destaque na diminuição de recusas familiares para a doação de órgãos e tecidos. Nos últimos três anos, a média de rejeição das famílias foi de 4%. Nos anos de 2020 e 2022 todas as famílias entrevistadas aceitaram doar. Em 2021, a unidade registrou apenas duas recusas.

Segundo o relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), com dados referentes ao período de janeiro a setembro do ano passado, a recusa das famílias brasileiras aumentou nos últimos anos. O Paraná é destaque nacional na aceitação das famílias que concordam em doar os órgãos. No geral, 72% das famílias aprovam. A média brasileira é 53%.

No ano passado, 13 famílias recusaram doar órgãos no HU-UEL; nove no HU-UEPG; e 16 no Huop. Além das recusas, as contraindicações clínicas também descartam a possibilidade de algumas doações, como infecção generalizada e câncer. Ao todo, dentro desse quadro, foram 26 doações não concretizadas em Londrina; 21 em Cascavel; oito em Ponta Grossa; e três em Maringá.

“O baixo índice de recusa no Paraná se deve aos treinamentos que foram realizados para a equipe com foco no preparo para comunicação de situações críticas e o acolhimento familiar durante todo o processo”, pontua a enfermeira do HU-UEM, Rosane Almeida de Freitas, profissional que também responde pela coordenação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do hospital.

Assim como os outros complexos hospitalares das universidades, o hospital da UEM mantém uma comissão interdisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.

PROCESSO – O processo de captação de órgãos começa quando a morte encefálica é confirmada no paciente, condição que apresenta a perda completa e irreversível das funções cerebrais. Esse diagnóstico é conduzido por meio de diversos exames médicos, realizados mais de uma vez, com intervalo de tempo para assegurar o óbito com precisão.

A partir desse momento, o setor de notificação, captação e distribuição de órgãos da Central de Transplantes é comunicado e repassa a informação para a Organização de Procura de Órgão (OPO) da região. Essa unidade desloca uma equipe até o hospital para examinar o doador e avaliar os órgãos e a compatibilidade com prováveis receptores.

A coleta e o transporte do órgão precisam ser rápidos. Coração e pulmão, por exemplo, podem ficar fora do corpo por quatro horas, o fígado por 12 horas e o pâncreas por até 20 horas. O Sistema Estadual de Transplantes tem nove veículos, além de um veículo em cada OPO: Curitiba, Cascavel, Londrina e Maringá.

A rede de transporte das Regionais de Saúde no Interior está em alerta permanente, assim como a frota de aeronaves do governo. O serviço aeromédico do Estado e o Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) auxiliam essa logística. Neste ano já foram captados órgãos em Santa Catarina, Mato Grosso e Minas Gerais (um fígado encaminhado para uma criança em Curitiba).

Os pacientes que precisam de transplantes são cadastrados em uma lista única, por ordem cronológica de inscrição. Os receptores são selecionados de acordo com o estado de saúde, necessidade e órgão, além da compatibilidade.

O rim é o órgão com o maior número de transplantes realizados no ano passado em todo o Estado – 471, segundo o relatório do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná. Em seguida vem o fígado, com 308 registros; o pâncreas/rim com oito doações; o fígado/rim com três; e o pulmão com uma doação. No total, foram 809 transplantes de órgãos e 930 transplantes de córnea.

O Paraná reúne 16 centros de transplantes e 23 equipes com profissionais para transplantes de órgãos. Para o transplante de tecidos são disponibilizados 25 centros de córneas, 23 centros musculoesquelético e seis centros de válvulas cardíacas.

SEJA UM DOADOR – Para ser um doador, qualquer cidadão pode avisar aos parentes próximos para que autorizem a doação. Existem dois tipos de doadores: o doador falecido, que é aquele diagnosticado com morte encefálica, que geralmente ocorre depois de traumas e doenças neurológicas graves; e o doador vivo, que é uma pessoa saudável que deseja doar um dos rins ou parte do fígado para um familiar de até quarto grau consanguíneo.

Também há situações em que é possível doar depois de um falecimento por parada cardiorrespiratória, assim como uma pessoa viva pode doar para alguém de fora da família, mediante uma autorização judicial.

As informações são da Agência Estadual de Notícias

Pesquisa traça perfil de médicos/as e profissionais da enfermagem mortos pela Covid-19

Uma pesquisa na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) mostrou que profissionais de enfermagem vítimas da Covid-19 morreram mais jovens que os médicos também vítimas da doença.

O estudo Óbitos de médicos e da equipe de enfermagem por Covid-19 no Brasil: uma abordagem sociológica, publicado pela revista Ciência & Saúde Coletiva, revelou que cerca de 80% dos enfermeiros e dos técnicos ou auxiliares de enfermagem mortos tinham até 60 anos.

Já entre os médicos, 75% das vítimas estavam acima desta faixa etária. Os principais motivos para a diferença apontados no artigo são os tipos de vínculos trabalhistas mais comuns em cada profissão e a média de idade dos profissionais no momento da entrada no mercado de trabalho.

“A enfermagem tem uma inserção mais institucional, assalariada e com tempo de trabalho pré-determinado. Boa parte da enfermagem no Brasil tem assegurado o direito formal à aposentadoria. Na medicina é exatamente o contrário, pois infelizmente os médicos estão cada vez mais de forma autônoma no mercado profissional. A outra questão é que as categorias da enfermagem tem inserção no mercado de trabalho em fases da vida bastante distintas. Os técnicos podem iniciar a jornada por volta dos 18 anos, por exemplo. Os enfermeiros, assim como os médicos, precisam primeiro se formar na universidade, mas o curso de Medicina é mais longo, fazendo que com que esses profissionais entrem mais tarde no mercado, o que também contribui para o prolongamento das suas carreiras”, explicou a pesquisadora da Ensp/Fiocruz, Maria Helena Machado, autora principal do artigo.

Para o estudo, foram considerados os dados de óbitos por Covid-19 de março de 2020 a março de 2021 e contabilizou 622 médicos, 200 enfermeiros e 470 auxiliares e técnicos de enfermagem. As análises foram feitas com base em dados dos conselhos federais de Medicina e Enfermagem (CFM e Cofen) e do estudo sobre o inventário de óbitos da Fiocruz.

Além de terem, em sua maioria, até 60 anos, os profissionais de enfermagem que morreram vítimas da Covid-19 eram mulheres, pretas e pardas. Entre os enfermeiros vitimados, 59,5% eram mulheres enquanto entre os auxiliares de enfermagem, elas somaram 69,1%. Sobre a correlação entre cor ou raça e óbitos dos profissionais da enfermagem, a pesquisa mostrou que 31% dos enfermeiros que morreram por Covid-19 eram brancos, e 51%, pretos e pardos. Já entre os auxiliares e técnicos, 29,6% eram brancos e 47,6% pretos e pardos.

No caso dos médicos, houve predominância absoluta de homens mortos por Covid-19: 87,6%, contra 12,4% de mulheres. A pesquisa explica que, apenas em 2009, as médicas passaram a ser maioria entre os novos registrados nos conselhos profissionais. Portanto, entre os médicos mais velhos, que foram maioria entre os mortos por Covid-19, predominam homens. Já o perfil das equipes de enfermagem é mais feminino, historicamente: as mulheres são cerca de 85% do total. Dados sobre cor e/ou raça não estão disponíveis no caso dos médicos.

Outro recorte da pesquisa mostra como as mortes por Covid-19 se relacionam com as especialidades médicas. Aqueles que atuam nas áreas de assistência e de atendimento contínuo de grandes populações foram os que mais morreram na pandemia. Os especialistas da ginecologia-obstetrícia, clínica médica, pediatria e cirurgia geral somaram 279 das 622 mortes de médicos. “Mesmo em tempos de pandemia não teriam como restringir suas atividades, sejam nos estabelecimentos públicos ou privado, inclusive em consultórios médicos, quase sempre sem o aparato de biossegurança necessário, portanto não foram alvo prioritário das políticas de biossegurança contra a pandemia”, apontam os autores num trecho do artigo.

A desigualdade entre as regiões do país é outro destaque do estudo. Chama atenção que, no ranking dos óbitos das três categorias, a polarização dos estados da região com os maiores contingentes, o Sudeste, em contrapartida aos estados da região Norte, que tem a menor quantidade de médicos e profissionais de enfermagem do Brasil. Quatro estados das duas regiões foram os mais atingidos com as perdas profissionais – Pará e Amazonas (Norte) e Rio de Janeiro e São Paulo (Sudeste).

Maria Helena Machado classificou os dados como “uma fotografia real, crua e dura da desigualdade social que impera no país e no Sistema Único de Saúde [SUS]”. A autora destacou ainda a complexidade do Norte brasileiro. “É uma região com uma população grande, heterogênea e dispersa em sete estados. Uma extensão territorial grande, o que deveria gerar políticas especiais. É lá que tem o percentual gigantemente diferente das regiões Sudeste e Sul do país. É lá que se vê com clareza onde o genocídio dos profissionais se deu forma mais aguda. É onde tem piores condições de trabalho e maior aglomeração da população desesperada por atendimento. O Amazonas foi um exemplo vivo do descaso com que a Amazônia Legal vem sendo tratada no país. Ela ficou muito descoberta e desprotegida”, afirmou a pesquisadora da Ensp/Fiocruz.

No Norte estão apenas 4,5%, 7,6% e 8,7%, respectivamente, do contingente de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem do país, porém as perdas profissionais foram de 16,1%, 29,5% e 23,2%. O desequilíbrio também ocorreu no Centro-Oeste, mas em menor intensidade. Com cifras superlativas na composição do contingente de profissionais, a região Sudeste concentra mais da metade (53%) dos médicos do país, 45,1% dos enfermeiros e 48,9% dos técnicos. No entanto, os percentuais de mortes desses trabalhadores na pandemia foram menores, proporcionalmente: 34,7%, 26,5% e 32,1%, respectivamente. Três estados se destacam nos óbitos médicos: Rio de Janeiro (15,8% do total), São Paulo (11,3%) e Pará (10,1%), sendo este último responsável por 63 das cem mortes da região Norte. Em relação aos enfermeiros, os três estados em destaque são Amazonas (12,5%), São Paulo (10,5%) e Rio de Janeiro (9,5%).

Com grande importância técnica e estratégica, médicos e profissionais de enfermagem somam mais de 2,9 milhões de profissionais, o que representa 72,5% do total da força de trabalho em saúde do país. Esses números atestam a hegemonia e a perenidade desse contingente profissional estratégico para o SUS, e que se mostrou essencial e imprescindível na pandemia.

Confira trechos em destaque da pesquisa:

  • “Existe no país uma ausência de fontes seguras e estáveis que possam determinar a dimensão da devastação de contaminados e mortos tanto na população como entre os profissionais. No entanto, sabe-se que as sequelas pós-Covid-19 já são observadas entre os trabalhadores e impactará no cotidiano institucional pelo volume de afastamentos por sequelas”.
  • “É preciso buscar soluções definitivas para uma grave questão: o cotidiano de vulnerabilidade dos profissionais de saúde é gerado em boa parte pela sobrecarga e precarização do trabalho e o difícil acesso aos equipamentos de proteção individual na quantidade e qualidade necessárias. Dessa forma, esses protagonistas da linha de frente ficaram ainda mais suscetíveis à contaminação, resultando em milhares de afastamentos e óbitos em decorrência da Covid-19”.
  • “Por fim, é importante assinalar que a escassez e, por vezes, a ausência sistemática de dados sobre óbitos de profissionais de saúde em geral durante a pandemia é um fato grave. Isso implica um apagão de fatos que aconteceram e estão acontecendo com esses trabalhadores, gerando um cenário de incertezas na pandemia e no pós-pandemia”.

As informações são da Agência Fiocruz de Notícias.

Estudo da Fiocruz aponta excesso de 40% em óbitos maternos em 2020

Divulgado na última quinta-feira (19/1), um estudo do Observatório Covid-19 Fiocruz aponta que, em 2020, houve um excesso de óbitos maternos de 40%, quando comparado aos anos anteriores. Mesmo considerando a expectativa de aumento das mortes em geral em decorrência da pandemia de Covid-19, ainda assim houve um excesso de 14%. A pesquisa, que estimou o excesso de mortes maternas causadas direta e indiretamente pela Covid-19 no Brasil no ano de 2020, foi publicada (12/1) na revista cientifica BMC Pregnancy and Childbirth.

O artigo mostra que as gestantes e puérperas foram mais penalizadas pela pandemia do que a população em geral. As chances de ser mulher negra, residir na zona rural e estar internada fora do município de residência entre os óbitos maternos foram 44, 61 e 28% maiores do que o grupo controle. Ao longo de 2020, o país registrou 549 mortes maternas por Covid-19, principalmente em gestantes no segundo e terceiro trimestre.

Foram identificadas, ainda, as características clínicas e manejo clínico das mulheres grávidas e puérperas atendidas por Covid-19. As chances de hospitalização de gestantes com diagnóstico de Covid-19 foram 337% maiores. Para as internações em UTI, as chances foram 73% maiores e o uso de suporte ventilatório invasivo 64% maior que os pacientes em geral com Covid-19 que morreram em 2020.

O estudo utilizou dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) para óbitos por Covid-19 nos anos de 2020 e 2021, e comparou com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade no ano de 2020 (quando já havia pandemia) e nos 5 anos anteriores, para estimar o número esperado de mortes maternas no país.

De acordo com o pesquisador Raphael Guimarães, este cenário compromete o desafio de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030 em um panorama global. “A rede de serviços parece ter sido mais protetiva às gestantes e puérperas, garantindo internações mais imediatas e direcionamento para a terapia intensiva e invasiva.”

“Contudo, o atraso do início da vacinação entre as grávidas e puérperas pode ter sido decisiva na maior penalização destas mulheres. Destacamos ainda que o excesso de óbitos teve a Covid-19 não apenas como causa direta, mas inflacionou o número de mortes de mulheres que não conseguem acesso ao Pré-Natal e condições adequadas de realização do seu parto no país”, pondera o principal investigador do estudo.

Guimarães reflete que é importante reconhecer que a Covid-19 não atingiu de forma homogênea todos os grupos sociais e demográficos. Isso significa que as estratégias de monitoramento e intervenção devem ser orientadas por perfis e demandas específicas, garantindo a premissa da equidade das políticas públicas, incluindo as políticas de saúde. O estudo mostrou que a morte materna é marcada pelas iniquidades sociais, que têm relação estreita com a oferta de serviços de qualidade.

As informações são da Agência Fiocruz de Notícias.

Vacinação contra HPV é mais efetiva na infância entre os 9 e 14 anos

BCG, rotavírus, tríplice bacteriana e poliomielite são algumas vacinas que são administradas na infância. Mas você sabia que o imunizante contra o HPV (papilomavírus humano) também deve ser aplicado nesta faixa etária?

Disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina induz uma resposta imune mais robusta quando administrada em meninas e meninos entre os 9 e 14 anos de idade, e é a única capaz de proteger contra diferentes tipos de câncer – de ânus, vulva, vagina, pênis, orofaringe e colo de útero. Este último é o 4º câncer mais frequente em mulheres no mundo e é tema do mês de janeiro de 2023 da campanha de conscientização da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Uma pesquisa italiana publicada recentemente na revista npj Vaccines, do grupo Nature, mostrou que adolescentes imunizados contra o HPV produzem quantidades significativamente maiores de anticorpos IgG e anticorpos neutralizantes do que pessoas vacinadas na idade adulta, embora estas também apresentem resposta imune. Segundo o artigo, o mesmo efeito já foi observado em outros imunizantes, como o da hepatite B.

Além da resposta superior, a administração da vacina no público mais jovem garante que meninos e meninas já estejam protegidos contra o HPV antes do início da atividade sexual. Isso contribui para reduzir a transmissão do vírus entre as pessoas, possibilitando a longo prazo a erradicação de doenças como o câncer de colo de útero.

A proteção induzida pela vacina também é duradoura. Estudos clínicos conduzidos em países como Suécia, Dinamarca, Finlândia, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Austrália acompanharam durante mais de 10 anos os efeitos positivos da vacinação contra o HPV. Nesse período, foram mantidos altos níveis de anticorpos e não foi registrado nenhum caso de câncer relacionado ao HPV na população imunizada. O surgimento de lesões pré-cancerosas ou verrugas genitais também foi reduzido.

Uma revisão sistemática publicada na The Lancet, que analisou 65 estudos conduzidos em 14 países desenvolvidos, mostrou uma queda de 83% nos casos de HPV 16 e 18 (responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero), de 67% no aparecimento de verrugas genitais e de 51% no surgimento de lesões pré-cancerosas, em meninas de 15 a 19 anos. A análise incluiu dados de 60 milhões de indivíduos.

A vacina tetravalente contra o HPV disponível na rede pública, distribuída pelo Butantan e produzida em parceria com a farmacêutica MSD, fornece proteção contra os principais tipos causadores de câncer: 6, 11, 16 e 18. O imunizante deve ser aplicado em três doses, sendo a 2ª dose administrada depois de dois meses e a 3ª após seis meses da primeira dose.

Adultos ainda devem se vacinar

Vale ressaltar que a vacina contra o HPV também fornece proteção a adultos, e que aqueles que não foram imunizados quando mais novos devem buscar a vacinação. Como existem mais de 200 tipos conhecidos de HPV, a vacinação tardia também ajuda a proteger contra os vírus pelos quais o indivíduo ainda não se infectou. A indicação do imunizante se estende para homens e mulheres com até 45 anos, que no Brasil podem se vacinar somente na rede privada.

No SUS, o imunizante está disponível apenas para os grupos prioritários: meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, e homens e mulheres imunossuprimidos ou pacientes oncológicos de até 45 anos.

As informações são do Instituto Butantan.

Campina Grande do Sul abre Processo Seletivo para médicos/as

A Fundação de Atenção à Saúde de Campina Grande do Sul-PR abriu um Processo Seletivo Simplificado para contratação de Médico/a Clínico/a Geral, Médico/a Pediatra, Médico/a Psiquiatra, além de Auxiliar de Dentista, Assistente Social, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Nutricionista, Odontólogo, Psicólogo, Técnico de Enfermagem do Trabalho, Técnico de Enfermagem e Terapeuta Ocupacional.

As inscrições tiveram início no dia 19 de janeiro e seguem até o dia 02 de fevereiro de 2023. Mais informações pelo telefone: (41) 3676-8156.

Orientações sobre inscrições.

Edital do Processo Seletivo Simplificado 001/2023.

Formulário para Inscrição no Processo Seletivo Simplificado 001/2023.

As informações são da FASCAMP.

Fiocruz estuda medicamento antiviral contra a Covid-19

A Fiocruz, em parceria com a empresa Microbiológica e o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), está tentando desenvolver um antiviral de uso oral contra a Covid-19. A substância, batizada pelos pesquisadores de MB-905, foi purificada a partir da cinetina e demonstrou-se eficaz para inibir a replicação do Sars-CoV-2 em linhagens de células humanas hepáticas e pulmonares, além de auxiliar a frear o processo inflamatório desencadeado pelo vírus.

O dossiê pré-clínico da pesquisa foi encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que, a partir da aprovação do órgão, seja iniciada a primeira fase de ensaios clínicos.

“A ideia é que a gente possa então cumprir todas as etapas necessárias para o desenvolvimento desse medicamento no Brasil, desde a fase de planejamento, síntese, caracterização química, caracterização de mecanismo de ação e os estudos pré-clínicos de segurança, tolerabilidade e eficácia. Nosso objetivo é que essa substância possa se tornar um antiviral inovador, desenvolvido no Brasil desde a sua concepção, visando a que a gente tenha mais independência nesse tipo de tecnologia que teria alto custo de importação para o [Sistema Único de Saúde] SUS”, explicou o pesquisador Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), um dos principais autores do estudo.

Funciona assim: a MB-905 desorganiza o genoma do vírus e causa uma catástrofe na síntese de seu material genético (RNA), processo crucial para a replicação viral. A molécula de RNA é composta por quatro bases que precisam se ligar de uma forma determinada (A com U, C com G), mas a estrutura da cinetina é muito semelhante à da base A, o que permite que uma importante enzima do vírus, chamada RNA polimerase viral, incorpore a cinetina no lugar da base A. A cinetina, por sua vez, se comporta de forma aleatória, ora como A, ora como G. Isso cria uma grande confusão na sequência do RNA e induz o vírus a vários erros durante seu processo de replicação, gerando muitas partículas que são defectivas e não têm capacidade replicativa, o que reduz a replicação geral do vírus.

Além de atuar como antiviral, a MB-905 também conseguiu frear o processo inflamatório desencadeado pelo coronavírus, diminuindo os níveis das citocinas IL-6 e TNFα em monócitos infectados. Segundo Moreno, isso é fundamental para combater a Covid-19, uma vez que a doença não manifesta somente uma destruição viral, mas serve muitas vezes como gatilho de uma resposta inflamatória exacerbada do organismo do paciente. Isso influenciou a pesquisa desde o ponto de partida.

“Ajustamos o nosso processo de identificação de substâncias a partir de algumas premissas: a substância precisava ser antiviral; precisava ser antiviral numa célula-alvo, como as células do trato respiratório; precisava funcionar como antiviral também em células do sistema imune, que o vírus consegue invadir e destruir, como os monócitos; e precisaria reduzir os níveis de marcadores inflamatórios associados com a infecção viral. Pegamos duas das principais citocinas pró-inflamatórias para usar como indicadores, o IL-6 e TNFα. Com isso, fizemos uma triagem já orientada a buscar substâncias que pudessem ser ao mesmo tempo antivirais e capazes de reduzir esse insulto inflamatório produzido pelo vírus”, explicou Moreno, detalhando como funciona esse mecanismo.

“O que quero dizer é que eu não estou buscando um antiviral sozinho. Como a dexametasona, como uma aspirina, esse produto não consegue reduzir qualquer tipo de inflamação, mas somente uma inflamação seletiva induzida pelo vírus. A gente entende também que isso pode ajudar essa substância a ter potencialmente uma janela terapêutica um pouquinho mais ampla, por conseguir talvez reduzir tanto a fase antiviral quanto a fase inflamatória associada ao vírus”, afirmou.

Outros resultados

Para os pesquisadores, a Covid-19, assim como outras doenças de natureza viral, não será curada com um único medicamento. Eles entendem que será necessário administrar um coquetel de medicamentos para tratar os casos mais graves da doença e aqueles de maior risco, como os de pacientes com comorbidades. Com base no mecanismo de ação da MB-905, portanto, o grupo investigou que substâncias poderiam potencializar o efeito da cinetina.

“O MB-905 consegue desorganizar o genoma viral durante a síntese de RNA. Acontece que o vírus possui uma enzima chamada exonuclease que consegue tentar contra-atacar esse efeito, que tenta corrigir esses erros e colocar as bases corretas pareadas de uma maneira adequada. Mas algumas substâncias, que são os inibidores de integrase do HIV e os inibidores de uma proteína chamada NE5A, usados para o tratamento do vírus da hepatite C, têm uma atividade contra essa enzima que faz a correção do genoma viral. Fizemos ensaios combinando essas substâncias e esses resultados mostram uma sinergia, ou seja, mostram que, se eu desorganizo o genoma viral com MB-905 e eu desligo a capacidade dele de corrigir com os inibidores citados, eu aumento meu efeito antiviral”, explicou Moreno.

O estudo também identifica vantagens do MB-905 em relação a outras substâncias cujo benefício clínico foi demonstrado em ensaios clínicos independentes. O remdesivir, por exemplo, é injetável, enquanto a cinetina será administrada como comprimido, possibilitando que o paciente receba o medicamento o mais precocemente possível. Já em relação ao molnupiravir, o MB-905 obteve melhores resultados em testes de segurança. Como desorganiza o genoma viral sem interferir no da célula, a cinetina foi considerada segura de acordo com o teste de Ames.

Além de testado em células humanas hepáticas e pulmonares in vitro, o efeito do MB-905 na redução da carga viral e na proteção contra lesões pulmonares foi reproduzido em diferentes modelos animais. Camundongos transgênicos infectados com Sars-CoV-2 que expressam ACE2 humano (proteína que facilita a entrada do coronavírus na célula) e hamsters foram protegidos por MB-905. Quando avaliado em camundongos e ratos, o MB-905 apresentou mais de 50% de biodisponibilidade oral (que é a extensão e a velocidade com que o medicamento entra na circulação sistêmica, alcançando, assim, o local de ação).

Os dados sugerem que a administração oral de MB-905 leva à formação de seu metabólito ativo no trato respiratório para atuar como um potente inibidor da polimerase e, assim, inibir a reprodução do vírus. O projeto contou com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio de encomenda tecnológica ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Empresa Brasileira de Inovação Industrial (Embrapii). Teve ainda a colaboração do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

As informações são da Agência Fiocruz de Notícias.

Vacinação contra a Covid-19 completa dois anos no Paraná

Dez meses após a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 no Paraná, o dia 18 de janeiro de 2021 ficou marcado na história do Estado com o início da campanha de vacinação. Nesta quarta-feira (18) faz dois anos que o primeiro avião com imunizantes pousou em Curitiba e a enfermeira Lucimar Josiane de Oliveira, do Complexo Hospitalar do Trabalhador, recebeu a primeira dose do Instituto Butantan, dando início à maior mobilização vacinal dos últimos tempos, com 28,5 milhões de doses aplicadas no Estado.

A pandemia do “novo coronavírus” começou a ter fim quando o Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibilizou as primeiras doses para estados e municípios. Naquela época, a indicação era imunizar idosos e profissionais de saúde, caracterizados como grupos de maior risco e, com o passar do tempo e a produção e chegada de mais doses, outros grupos profissionais foram incluídos na lista prioritária, até que a vacinação alcançasse todas as faixas etárias e o nível de disponibilidade atual, com farta oferta em todos os 399 municípios.

Até agora, cerca de 92,4% da população paranaense tomou a primeira dose (D1) ou a dose única (DU), e 92,3% deste público recebeu a segunda dose (D2). Com o avanço das pesquisas, novas doses foram recomendadas para reforçar o combate à Covid-19. Dentro desse quadro, 64,6% dos cidadãos tomaram a primeira dose de reforço (REF) e 26% tomaram a segunda dose de reforço (R2), que está liberada para maiores de 18 anos desde novembro do ano passado.

Segundo os dados, em 2021 foram registradas mais de 19 milhões de vacinas aplicadas no Paraná e mais de 9 milhões em 2022. A boa adesão dos paranaenses à vacinação foi responsável pela queda no número de internações e óbitos pela Covid-19 em todo o Estado.

No último ano, por exemplo, os leitos que eram considerados exclusivos para atendimento à doença (a rede chegou a ter mais de 2 mil leitos de UTI, maior número da história do Estado) puderam retornar para o atendimento eletivo e de urgência, e as mortes caíram drasticamente, de 6.489 em março de 2021 (pior mês) para 35 em outubro de 2022 (mês com menos óbitos no pós-vacinação).

O avanço da imunização e a queda dos índices de transmissão da doença foram fundamentais para que as medidas mais rígidas de prevenção, como uso obrigatório de máscaras (agora recomendado em casos de suspeita, confirmação ou contato com infectados pela doença), fossem caindo pouco a pouco, sob orientação de um time de especialistas do Estado, possibilitando a retomada de atividades comuns, dos eventos, viagens e do cotidiano econômico pré-pandemia.

“Demos a essa campanha histórica a importância que ela merecia. Olhando em retrospectiva, podemos contabilizar inúmeras vidas salvas e a retomada da vida que conhecíamos”, disse o governador Carlos Massa Ratinho Junior.

Mesmo com a boa adesão e a conscientização da sociedade, o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, reforça a necessidade da continuidade do processo de imunização. “São dois anos de muita luta e de grandes conquistas com a vacinação, que se provou a grande arma contra o vírus, mas precisamos continuar contando com o apoio e colaboração dos paranaenses para deixar as doses em dia e evitar quadros graves da doença”, disse.

Segundo os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Paraná ainda possui aproximadamente 4,3 milhões de pessoas habilitadas para tomar a R2 que não procuraram a vacina. Além disso, 2,8 milhões são considerados faltosos na REF (terceira), 782 mil não tomaram a D2 e quase um milhão não tem registro da primeira dose da vacina.

O último grupo inserido na campanha de imunização contra a doença foi de crianças de zero a menos de três anos. Para essa população, o PNI indica que sejam aplicadas três doses das chamadas “Pfizer baby”. O primeiro lote dessa vacina específica chegou ao Paraná em novembro, e, desde então, o Estado começou a vacinação também neste grupo.

“Temos solicitado doses constantemente ao Ministério da Saúde e aguardamos ainda este mês mais um lote de vacinas para o público abaixo de 11 anos. Enquanto isso, reforçamos a necessidade da vacinação para as demais faixas etárias, que também são vulneráveis à doença e podem ser infectadas e transmitir o vírus para o público mais jovem”, afirmou Beto Preto.

CAMPANHA – A campanha de imunização passou por várias fases, sofreu ajustes, e, depois de dois anos, já é permitida a cidadãos de todas as idades. Na fase inicial, o primeiro conjunto de grupos prioritários elaborado pelo Ministério da Saúde e seguido pelo Paraná foi baseado em princípios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e feito em acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Ao todo, 27 categorias de pessoas tiveram prioridade para recebimento das doses, começando pelos trabalhadores de saúde, idosos institucionalizados, pessoas com deficiência e populações tradicionais, como indígenas. Em três dias depois de 18 de janeiro de 2021, por exemplo, mais de 57 mil pessoas tinham recebido a primeira dose, e no final daquele mês mais de 130 mil.

Outros grupos vieram na sequência, como as pessoas em situação de rua, trabalhadores do transporte coletivo, da educação básica e superior, forças de segurança, entre outros. Em 7 de fevereiro, o Estado recebeu suas primeiras doses para idosos acima de 90 anos. Depois desta data, houve o escalonamento dos idosos com 80, 70 e 60 anos, numa escadinha. Com dois meses, 553 mil paranaenses já estavam protegidos e em maio daquele ano foi ultrapassada a marca de 1 milhão de pessoas completamente imunizadas (duas doses).

Em seis meses de vacinação, de 18 de janeiro a 18 de julho, já haviam sido aplicadas 6,9 milhões de doses, imunizando 62,1% da população adulta do Estado com D1 e 20,9% com o esquema vacinal completo. Agora, dois anos depois, o Estado se aproxima da aplicação da dose de número 29 milhões.

Esse ritmo foi impulsionado por programas estaduais como De Domingo a Domingo, estimulando os município a não interromperem a vacinação se tivessem doses disponíveis, o Corujão, com postos disponibilizando horários alternativos para a população, e distribuição com aeronaves, levando doses em menos de 24 horas a todas as localidades.

“O Estado distribui constantemente vacinas contra a Covid-19 a todos os municípios, ajusta pedidos e demandas das prefeituras, e alerta para a continuidade da campanha com as populações locais. Os paranaenses que ainda não tomaram a terceira ou quarta dose devem buscar essa proteção. Vencemos a pandemia com solidariedade. Não podemos mudar isso”, complementou o secretário de Saúde.

As informações são da Agência Estadual de Notícias.

Assista ao documentário do Cidacs que trata das desigualdades em saúde na pandemia da Covid-19

Uma experiência inovadora de produção de ciência durante a pandemia de Covid-19 que inclui a participação social. Esse é o enreredo do documentário “Além do Distanciamento: diálogos para entender as desigualdades da pandemia de Covid-19” – o primeiro longa-metragem científico produzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

Disponível no canal do Youtube do Cidacs, o filme de 55 minutos registra o processo de engajamento público da ciência realizado durante a construção do Índice de Desigualdades Sociais para Covid-19 (IDS-COVID-19), que envolveu representantes da área de gestão em saúde, de grupos de comunidades e equipe de pesquisadores.

Assista ao documentário: “Além do Distanciamento: diálogos para entender as desigualdades da pandemia de Covid-19”:

O engajamento público da ciência caracteriza uma das formas de participação de diferentes segmentos sociais no processo de construção do conhecimento científico. Durante a construção do IDS-COVID-19, este movimento permitiu uma maior aproximação entre cientistas, gestores e grupos de comunidades para troca de experiências.

“Não tem como a gente abordar este tema das desigualdades sociais em saúde na pandemia de Covid-19 sem envolver uma ampla discussão na sociedade”, defendeu a idealizadora do processo de Engajamento vice-coordenadora do Cidacs, Maria Yury Ichihara, que liderou o projeto de pesquisa que construiu o IDS-COVID-19. O índice foi produzido com o objetivo de medir os efeitos das desigualdades sociais em saúde durante a pandemia e ajudar gestores públicos e outros segmentos sociais a identificar municípios e regiões de saúde que necessitam de mais atenção.

Ao longo de um ano, a equipe de pesquisa participou de uma série de atividades que permitiu o estabelecimento do diálogo com 29 representantes da gestão pública e dez representantes de comunidades de diferentes regiões brasileiras. Reuniões técnicas, grupos de discussão, webinários e até uma visita presencial a uma das comunidades que participou do estudo foram registradas e ajudaram a compor o documentário. Além disso, mais de 30 entrevistas foram realizadas com participantes e pesquisadores.

Para Lucia Gato, ativista, professora e integrante do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa (MA), o contato com pesquisadores do Centro foi avaliado positivamente. “Foi interessante o contato com essa linha de trabalho que o Cidacs desenvolveu porque ele primou primeiro por ouvir”, declarou. Ainda segundo ela, a sistemática empreendida a deixou à vontade para compartilhar suas experiências com todo o grupo.

Temáticas abordadas no documentário

Mais do que registrar o trabalho de engajamento público da ciência durante a construção do IDS-COVID-19 e de explicar os desafios enfrentados pelos pesquisadores, o documentário “Além do distanciamento…” resgata, através dos relatos das pessoas entrevistadas, as dificuldades enfrentadas durante a pandemia. Fome, dificuldades de acesso aos serviços de saúde, desemprego e desinformação foram alguns temas abordados no documentário.

A visão de representantes da gestão pública também foi incluída, bem como as dificuldades de acesso aos dados sobre a Covid-19 enfrentadas pela equipe de pesquisadores do IDS-COVID-19 durante o apagão de dados do Ministério da Saúde entre dezembro 2021 e janeiro de 2022. Os resultados alcançados a partir da análise das desigualdades sociais em saúde medidas pelo índice também foram apresentados no longa.

Confira as organizações participantes do documentário

Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, Observatório de Direitos Humanos Crise e Covid-19, Rede de Mulheres Negras para Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Instituto de Mulheres Negras do Amapá, Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e Painel Unificador de Favelas.

Serviço:

Documentário “Além do Distanciamento: diálogos para entender as desigualdades da pandemia de Covid-19”
Acesso: Canal do YouTube do Cidacs
Idealização: Maria Yury Ichihara e Mariana Sebastião
Direção e roteiro: Adalton dos Anjos Fonseca e Gabriela Carvalho
Edição: Gabriela Carvalho
Duração: 55 minutos

As informações são da Fundação Oswaldo Cruz.

Aeronaves do Estado ajudam no transporte de órgãos para transplantes no Paraná

Pacientes paranaenses que aguardavam na fila de transplantes ganharam uma chance de recomeçar as suas vidas graças ao sistema de transporte de órgãos com aviões do Governo do Estado nos últimos dias. Duas aeronaves foram cedidas pela Casa Militar para levar um fígado de um hospital na região Oeste para a região Norte do Estado, na sexta-feira (13), enquanto um fígado e rins foram transportados do Oeste para uma instituição de saúde na Região Metropolitana de Curitiba no sábado (14).

O deslocamento por meio de aeronaves é um fator determinante para o sucesso dos transplantes por diminuir expressivamente o tempo de viagem. Nos dois casos mais recentes do Paraná, a estimativa é de que houve uma redução de quatro a seis horas e meia nos trajetos caso eles fossem percorridos por via terrestre.

Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a demora no transporte representa de 5% a 10% dos transplantes fracassados. Uma vez constatada a morte encefálica de um paciente, o sistema é acionado e o cronômetro começa a correr. É um desafio de logística que mobiliza profissionais de saúde e de transporte em tempo recorde.

Cada órgão tem um prazo máximo de sobrevivência fora do corpo, que é o chamado tempo de isquemia. Coração (4 horas) e pulmões (4 a 6 horas) são os que apresentam menos tempo de sobrevivência. Fígado (12 horas) e pâncreas (20 horas) duram um pouco mais, enquanto os rins podem ser transplantados em, no máximo, 36 horas.

Com as duas intervenções na última semana, chegam a cinco o número de transportes aéreos realizados por aviões do Governo do Estado apenas em 2023. Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná, nos últimos quatro anos foram 362 missões aéreas de transporte de órgãos, que totalizam mais de mil horas de voo.

Os dados mais recentes divulgados pela ABTO, que levam em conta informações de janeiro a setembro de 2022, apontam que o Paraná é o segundo colocado do Brasil em doações de órgãos. O Estado realiza 40,3 doações por milhão de população (pmp) contra uma média nacional de apenas 16,4 pmp.

OBSTÁCULOS – Segundo relatório disponibilizado pelo Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, das 1.179 notificações de possíveis doadores realizadas no último ano 471 resultaram em doações efetivas. Os principais obstáculos são contraindicação clínica, recusa de familiares dos possíveis doadores e presença de infecções atestadas por teste PCR.

Além dos motivos clínicos, que não podem ser controlados, a negativa dos parentes é a mais preocupante e corresponde a 28% das doações não efetivadas. Apenas em 2022, houve 211 casos em que os parentes da pessoa que teve a morte cerebral clinicamente atestada se negaram a autorizar a doação, o maior índice desde 2018.

Apesar das dificuldades, o Paraná registrou um crescimento nas doações em 2022 após três anos em queda, especialmente devido à pandemia de Covid-19. Os órgãos mais doados foram rins, fígado, coração e córneas.

Entre os doadores, 58% são homens e 42% mulheres. As maiores causas de morte encefálica no último ano, e que permitem as doações, decorreram de Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH), Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI).

Os dados completos, inclusive com informações regionalizadas, estão disponíveis no site www.paranatransplantes.pr.gov.br.

As informações são da Agência Estadual de Notícias.

Anvisa proíbe fabricação de sete pomadas modeladoras para cabelos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cancelou a regularização que autorizava a fabricação de sete pomadas modeladoras para cabelos. Segundo a agência, os produtos não estavam cumprindo normas sanitárias previstas.

A medida consta da Resolução nº138, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (16).

Em nota, a Anvisa informou que alguns dos produtos já foram objeto de medidas restritivas no âmbito da comercialização e do uso, e que, com a atual resolução, fica proibida também a sua fabricação.

Lista dos produtos

Estão proibidos de serem fabricados os seguintes produtos:

  • Pomada Modeladora para Tranças Anti-frizz Be Black (da empresa Cosmetic Group Indústria e Comércio de Cosméticos Eireli);
  • Pomada Black – Essenza Hair, e Pomada Modeladora para Tranças Boxbraids – fixa liss (ambas da Evolução Indústria de Cosméticos);
  • Pomada Braids Hair (da Galore Indústria e Comércio de Cosmético Eireli);
  • Pomada Cassu Braids Cassulinha Cabelos e Pomada Braids Tranças Poderosas Esponja Magic, (ambas da Microfarma Indústria e Comércio);
  • Rosa Hair Pomada Modeladora Mega Fixação 150g, (da Morandini Indústria e Comércio de Cosméticos);
  • Pomada Modeladora Master Fix Black Ser Mulher, (da Supernova Indústria, Comércio e Serviços).

Recomendações

A Anvisa recomenda que quem tiver em sua residência os produtos fabricados especificamente pela Microfarma Indústria e Comércio Ltda, CNPJ 68.722.743/0001-09, entre em contato com a empresa para verificar a forma de devolução, uma vez que o fabricante deverá recolher todos os produtos disponibilizados no mercado.

Ainda segundo a Anvisa, os estabelecimentos que tenham o produto para uso de seus clientes devem suspender sua utilização “imediatamente”.

Com relação aos produtos de outras empresas, a Anvisa informou que ainda está “avaliando as ações sanitárias necessárias”, e que seguirá acompanhando “todos os fatos relatados relacionados às pomadas capilares” com a ajuda dos órgãos de vigilância sanitária dos estados e municípios.

“A partir dos resultados das investigações, as medidas sanitárias cabíveis serão tomadas com a maior celeridade possível”, complementou.

No início do mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou um alerta com relação à pomada Cassu Braids, após relatos de que o produto estaria causando danos aos olhos (irritação ocular, pálpebras inchadas, dor nos olhos e dificuldades para enxergar o cabelo) de usuários no Rio de Janeiro.

As informações são da Agência Brasil