Filiado à

Notícias

Campina Grande do Sul abre Processo Seletivo para médicos/as

A Fundação de Atenção à Saúde de Campina Grande do Sul-PR abriu um Processo Seletivo Simplificado para contratação de Médico/a Clínico/a Geral, Médico/a Pediatra, Médico/a Psiquiatra, além de Auxiliar de Dentista, Assistente Social, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Nutricionista, Odontólogo, Psicólogo, Técnico de Enfermagem do Trabalho, Técnico de Enfermagem e Terapeuta Ocupacional.

As inscrições tiveram início no dia 19 de janeiro e seguem até o dia 02 de fevereiro de 2023. Mais informações pelo telefone: (41) 3676-8156.

Orientações sobre inscrições.

Edital do Processo Seletivo Simplificado 001/2023.

Formulário para Inscrição no Processo Seletivo Simplificado 001/2023.

As informações são da FASCAMP.

Fiocruz estuda medicamento antiviral contra a Covid-19

A Fiocruz, em parceria com a empresa Microbiológica e o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), está tentando desenvolver um antiviral de uso oral contra a Covid-19. A substância, batizada pelos pesquisadores de MB-905, foi purificada a partir da cinetina e demonstrou-se eficaz para inibir a replicação do Sars-CoV-2 em linhagens de células humanas hepáticas e pulmonares, além de auxiliar a frear o processo inflamatório desencadeado pelo vírus.

O dossiê pré-clínico da pesquisa foi encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que, a partir da aprovação do órgão, seja iniciada a primeira fase de ensaios clínicos.

“A ideia é que a gente possa então cumprir todas as etapas necessárias para o desenvolvimento desse medicamento no Brasil, desde a fase de planejamento, síntese, caracterização química, caracterização de mecanismo de ação e os estudos pré-clínicos de segurança, tolerabilidade e eficácia. Nosso objetivo é que essa substância possa se tornar um antiviral inovador, desenvolvido no Brasil desde a sua concepção, visando a que a gente tenha mais independência nesse tipo de tecnologia que teria alto custo de importação para o [Sistema Único de Saúde] SUS”, explicou o pesquisador Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), um dos principais autores do estudo.

Funciona assim: a MB-905 desorganiza o genoma do vírus e causa uma catástrofe na síntese de seu material genético (RNA), processo crucial para a replicação viral. A molécula de RNA é composta por quatro bases que precisam se ligar de uma forma determinada (A com U, C com G), mas a estrutura da cinetina é muito semelhante à da base A, o que permite que uma importante enzima do vírus, chamada RNA polimerase viral, incorpore a cinetina no lugar da base A. A cinetina, por sua vez, se comporta de forma aleatória, ora como A, ora como G. Isso cria uma grande confusão na sequência do RNA e induz o vírus a vários erros durante seu processo de replicação, gerando muitas partículas que são defectivas e não têm capacidade replicativa, o que reduz a replicação geral do vírus.

Além de atuar como antiviral, a MB-905 também conseguiu frear o processo inflamatório desencadeado pelo coronavírus, diminuindo os níveis das citocinas IL-6 e TNFα em monócitos infectados. Segundo Moreno, isso é fundamental para combater a Covid-19, uma vez que a doença não manifesta somente uma destruição viral, mas serve muitas vezes como gatilho de uma resposta inflamatória exacerbada do organismo do paciente. Isso influenciou a pesquisa desde o ponto de partida.

“Ajustamos o nosso processo de identificação de substâncias a partir de algumas premissas: a substância precisava ser antiviral; precisava ser antiviral numa célula-alvo, como as células do trato respiratório; precisava funcionar como antiviral também em células do sistema imune, que o vírus consegue invadir e destruir, como os monócitos; e precisaria reduzir os níveis de marcadores inflamatórios associados com a infecção viral. Pegamos duas das principais citocinas pró-inflamatórias para usar como indicadores, o IL-6 e TNFα. Com isso, fizemos uma triagem já orientada a buscar substâncias que pudessem ser ao mesmo tempo antivirais e capazes de reduzir esse insulto inflamatório produzido pelo vírus”, explicou Moreno, detalhando como funciona esse mecanismo.

“O que quero dizer é que eu não estou buscando um antiviral sozinho. Como a dexametasona, como uma aspirina, esse produto não consegue reduzir qualquer tipo de inflamação, mas somente uma inflamação seletiva induzida pelo vírus. A gente entende também que isso pode ajudar essa substância a ter potencialmente uma janela terapêutica um pouquinho mais ampla, por conseguir talvez reduzir tanto a fase antiviral quanto a fase inflamatória associada ao vírus”, afirmou.

Outros resultados

Para os pesquisadores, a Covid-19, assim como outras doenças de natureza viral, não será curada com um único medicamento. Eles entendem que será necessário administrar um coquetel de medicamentos para tratar os casos mais graves da doença e aqueles de maior risco, como os de pacientes com comorbidades. Com base no mecanismo de ação da MB-905, portanto, o grupo investigou que substâncias poderiam potencializar o efeito da cinetina.

“O MB-905 consegue desorganizar o genoma viral durante a síntese de RNA. Acontece que o vírus possui uma enzima chamada exonuclease que consegue tentar contra-atacar esse efeito, que tenta corrigir esses erros e colocar as bases corretas pareadas de uma maneira adequada. Mas algumas substâncias, que são os inibidores de integrase do HIV e os inibidores de uma proteína chamada NE5A, usados para o tratamento do vírus da hepatite C, têm uma atividade contra essa enzima que faz a correção do genoma viral. Fizemos ensaios combinando essas substâncias e esses resultados mostram uma sinergia, ou seja, mostram que, se eu desorganizo o genoma viral com MB-905 e eu desligo a capacidade dele de corrigir com os inibidores citados, eu aumento meu efeito antiviral”, explicou Moreno.

O estudo também identifica vantagens do MB-905 em relação a outras substâncias cujo benefício clínico foi demonstrado em ensaios clínicos independentes. O remdesivir, por exemplo, é injetável, enquanto a cinetina será administrada como comprimido, possibilitando que o paciente receba o medicamento o mais precocemente possível. Já em relação ao molnupiravir, o MB-905 obteve melhores resultados em testes de segurança. Como desorganiza o genoma viral sem interferir no da célula, a cinetina foi considerada segura de acordo com o teste de Ames.

Além de testado em células humanas hepáticas e pulmonares in vitro, o efeito do MB-905 na redução da carga viral e na proteção contra lesões pulmonares foi reproduzido em diferentes modelos animais. Camundongos transgênicos infectados com Sars-CoV-2 que expressam ACE2 humano (proteína que facilita a entrada do coronavírus na célula) e hamsters foram protegidos por MB-905. Quando avaliado em camundongos e ratos, o MB-905 apresentou mais de 50% de biodisponibilidade oral (que é a extensão e a velocidade com que o medicamento entra na circulação sistêmica, alcançando, assim, o local de ação).

Os dados sugerem que a administração oral de MB-905 leva à formação de seu metabólito ativo no trato respiratório para atuar como um potente inibidor da polimerase e, assim, inibir a reprodução do vírus. O projeto contou com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio de encomenda tecnológica ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Empresa Brasileira de Inovação Industrial (Embrapii). Teve ainda a colaboração do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

As informações são da Agência Fiocruz de Notícias.

Vacinação contra a Covid-19 completa dois anos no Paraná

Dez meses após a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 no Paraná, o dia 18 de janeiro de 2021 ficou marcado na história do Estado com o início da campanha de vacinação. Nesta quarta-feira (18) faz dois anos que o primeiro avião com imunizantes pousou em Curitiba e a enfermeira Lucimar Josiane de Oliveira, do Complexo Hospitalar do Trabalhador, recebeu a primeira dose do Instituto Butantan, dando início à maior mobilização vacinal dos últimos tempos, com 28,5 milhões de doses aplicadas no Estado.

A pandemia do “novo coronavírus” começou a ter fim quando o Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibilizou as primeiras doses para estados e municípios. Naquela época, a indicação era imunizar idosos e profissionais de saúde, caracterizados como grupos de maior risco e, com o passar do tempo e a produção e chegada de mais doses, outros grupos profissionais foram incluídos na lista prioritária, até que a vacinação alcançasse todas as faixas etárias e o nível de disponibilidade atual, com farta oferta em todos os 399 municípios.

Até agora, cerca de 92,4% da população paranaense tomou a primeira dose (D1) ou a dose única (DU), e 92,3% deste público recebeu a segunda dose (D2). Com o avanço das pesquisas, novas doses foram recomendadas para reforçar o combate à Covid-19. Dentro desse quadro, 64,6% dos cidadãos tomaram a primeira dose de reforço (REF) e 26% tomaram a segunda dose de reforço (R2), que está liberada para maiores de 18 anos desde novembro do ano passado.

Segundo os dados, em 2021 foram registradas mais de 19 milhões de vacinas aplicadas no Paraná e mais de 9 milhões em 2022. A boa adesão dos paranaenses à vacinação foi responsável pela queda no número de internações e óbitos pela Covid-19 em todo o Estado.

No último ano, por exemplo, os leitos que eram considerados exclusivos para atendimento à doença (a rede chegou a ter mais de 2 mil leitos de UTI, maior número da história do Estado) puderam retornar para o atendimento eletivo e de urgência, e as mortes caíram drasticamente, de 6.489 em março de 2021 (pior mês) para 35 em outubro de 2022 (mês com menos óbitos no pós-vacinação).

O avanço da imunização e a queda dos índices de transmissão da doença foram fundamentais para que as medidas mais rígidas de prevenção, como uso obrigatório de máscaras (agora recomendado em casos de suspeita, confirmação ou contato com infectados pela doença), fossem caindo pouco a pouco, sob orientação de um time de especialistas do Estado, possibilitando a retomada de atividades comuns, dos eventos, viagens e do cotidiano econômico pré-pandemia.

“Demos a essa campanha histórica a importância que ela merecia. Olhando em retrospectiva, podemos contabilizar inúmeras vidas salvas e a retomada da vida que conhecíamos”, disse o governador Carlos Massa Ratinho Junior.

Mesmo com a boa adesão e a conscientização da sociedade, o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, reforça a necessidade da continuidade do processo de imunização. “São dois anos de muita luta e de grandes conquistas com a vacinação, que se provou a grande arma contra o vírus, mas precisamos continuar contando com o apoio e colaboração dos paranaenses para deixar as doses em dia e evitar quadros graves da doença”, disse.

Segundo os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Paraná ainda possui aproximadamente 4,3 milhões de pessoas habilitadas para tomar a R2 que não procuraram a vacina. Além disso, 2,8 milhões são considerados faltosos na REF (terceira), 782 mil não tomaram a D2 e quase um milhão não tem registro da primeira dose da vacina.

O último grupo inserido na campanha de imunização contra a doença foi de crianças de zero a menos de três anos. Para essa população, o PNI indica que sejam aplicadas três doses das chamadas “Pfizer baby”. O primeiro lote dessa vacina específica chegou ao Paraná em novembro, e, desde então, o Estado começou a vacinação também neste grupo.

“Temos solicitado doses constantemente ao Ministério da Saúde e aguardamos ainda este mês mais um lote de vacinas para o público abaixo de 11 anos. Enquanto isso, reforçamos a necessidade da vacinação para as demais faixas etárias, que também são vulneráveis à doença e podem ser infectadas e transmitir o vírus para o público mais jovem”, afirmou Beto Preto.

CAMPANHA – A campanha de imunização passou por várias fases, sofreu ajustes, e, depois de dois anos, já é permitida a cidadãos de todas as idades. Na fase inicial, o primeiro conjunto de grupos prioritários elaborado pelo Ministério da Saúde e seguido pelo Paraná foi baseado em princípios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e feito em acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Ao todo, 27 categorias de pessoas tiveram prioridade para recebimento das doses, começando pelos trabalhadores de saúde, idosos institucionalizados, pessoas com deficiência e populações tradicionais, como indígenas. Em três dias depois de 18 de janeiro de 2021, por exemplo, mais de 57 mil pessoas tinham recebido a primeira dose, e no final daquele mês mais de 130 mil.

Outros grupos vieram na sequência, como as pessoas em situação de rua, trabalhadores do transporte coletivo, da educação básica e superior, forças de segurança, entre outros. Em 7 de fevereiro, o Estado recebeu suas primeiras doses para idosos acima de 90 anos. Depois desta data, houve o escalonamento dos idosos com 80, 70 e 60 anos, numa escadinha. Com dois meses, 553 mil paranaenses já estavam protegidos e em maio daquele ano foi ultrapassada a marca de 1 milhão de pessoas completamente imunizadas (duas doses).

Em seis meses de vacinação, de 18 de janeiro a 18 de julho, já haviam sido aplicadas 6,9 milhões de doses, imunizando 62,1% da população adulta do Estado com D1 e 20,9% com o esquema vacinal completo. Agora, dois anos depois, o Estado se aproxima da aplicação da dose de número 29 milhões.

Esse ritmo foi impulsionado por programas estaduais como De Domingo a Domingo, estimulando os município a não interromperem a vacinação se tivessem doses disponíveis, o Corujão, com postos disponibilizando horários alternativos para a população, e distribuição com aeronaves, levando doses em menos de 24 horas a todas as localidades.

“O Estado distribui constantemente vacinas contra a Covid-19 a todos os municípios, ajusta pedidos e demandas das prefeituras, e alerta para a continuidade da campanha com as populações locais. Os paranaenses que ainda não tomaram a terceira ou quarta dose devem buscar essa proteção. Vencemos a pandemia com solidariedade. Não podemos mudar isso”, complementou o secretário de Saúde.

As informações são da Agência Estadual de Notícias.

Assista ao documentário do Cidacs que trata das desigualdades em saúde na pandemia da Covid-19

Uma experiência inovadora de produção de ciência durante a pandemia de Covid-19 que inclui a participação social. Esse é o enreredo do documentário “Além do Distanciamento: diálogos para entender as desigualdades da pandemia de Covid-19” – o primeiro longa-metragem científico produzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

Disponível no canal do Youtube do Cidacs, o filme de 55 minutos registra o processo de engajamento público da ciência realizado durante a construção do Índice de Desigualdades Sociais para Covid-19 (IDS-COVID-19), que envolveu representantes da área de gestão em saúde, de grupos de comunidades e equipe de pesquisadores.

Assista ao documentário: “Além do Distanciamento: diálogos para entender as desigualdades da pandemia de Covid-19”:

O engajamento público da ciência caracteriza uma das formas de participação de diferentes segmentos sociais no processo de construção do conhecimento científico. Durante a construção do IDS-COVID-19, este movimento permitiu uma maior aproximação entre cientistas, gestores e grupos de comunidades para troca de experiências.

“Não tem como a gente abordar este tema das desigualdades sociais em saúde na pandemia de Covid-19 sem envolver uma ampla discussão na sociedade”, defendeu a idealizadora do processo de Engajamento vice-coordenadora do Cidacs, Maria Yury Ichihara, que liderou o projeto de pesquisa que construiu o IDS-COVID-19. O índice foi produzido com o objetivo de medir os efeitos das desigualdades sociais em saúde durante a pandemia e ajudar gestores públicos e outros segmentos sociais a identificar municípios e regiões de saúde que necessitam de mais atenção.

Ao longo de um ano, a equipe de pesquisa participou de uma série de atividades que permitiu o estabelecimento do diálogo com 29 representantes da gestão pública e dez representantes de comunidades de diferentes regiões brasileiras. Reuniões técnicas, grupos de discussão, webinários e até uma visita presencial a uma das comunidades que participou do estudo foram registradas e ajudaram a compor o documentário. Além disso, mais de 30 entrevistas foram realizadas com participantes e pesquisadores.

Para Lucia Gato, ativista, professora e integrante do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa (MA), o contato com pesquisadores do Centro foi avaliado positivamente. “Foi interessante o contato com essa linha de trabalho que o Cidacs desenvolveu porque ele primou primeiro por ouvir”, declarou. Ainda segundo ela, a sistemática empreendida a deixou à vontade para compartilhar suas experiências com todo o grupo.

Temáticas abordadas no documentário

Mais do que registrar o trabalho de engajamento público da ciência durante a construção do IDS-COVID-19 e de explicar os desafios enfrentados pelos pesquisadores, o documentário “Além do distanciamento…” resgata, através dos relatos das pessoas entrevistadas, as dificuldades enfrentadas durante a pandemia. Fome, dificuldades de acesso aos serviços de saúde, desemprego e desinformação foram alguns temas abordados no documentário.

A visão de representantes da gestão pública também foi incluída, bem como as dificuldades de acesso aos dados sobre a Covid-19 enfrentadas pela equipe de pesquisadores do IDS-COVID-19 durante o apagão de dados do Ministério da Saúde entre dezembro 2021 e janeiro de 2022. Os resultados alcançados a partir da análise das desigualdades sociais em saúde medidas pelo índice também foram apresentados no longa.

Confira as organizações participantes do documentário

Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, Observatório de Direitos Humanos Crise e Covid-19, Rede de Mulheres Negras para Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Instituto de Mulheres Negras do Amapá, Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e Painel Unificador de Favelas.

Serviço:

Documentário “Além do Distanciamento: diálogos para entender as desigualdades da pandemia de Covid-19”
Acesso: Canal do YouTube do Cidacs
Idealização: Maria Yury Ichihara e Mariana Sebastião
Direção e roteiro: Adalton dos Anjos Fonseca e Gabriela Carvalho
Edição: Gabriela Carvalho
Duração: 55 minutos

As informações são da Fundação Oswaldo Cruz.

Aeronaves do Estado ajudam no transporte de órgãos para transplantes no Paraná

Pacientes paranaenses que aguardavam na fila de transplantes ganharam uma chance de recomeçar as suas vidas graças ao sistema de transporte de órgãos com aviões do Governo do Estado nos últimos dias. Duas aeronaves foram cedidas pela Casa Militar para levar um fígado de um hospital na região Oeste para a região Norte do Estado, na sexta-feira (13), enquanto um fígado e rins foram transportados do Oeste para uma instituição de saúde na Região Metropolitana de Curitiba no sábado (14).

O deslocamento por meio de aeronaves é um fator determinante para o sucesso dos transplantes por diminuir expressivamente o tempo de viagem. Nos dois casos mais recentes do Paraná, a estimativa é de que houve uma redução de quatro a seis horas e meia nos trajetos caso eles fossem percorridos por via terrestre.

Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a demora no transporte representa de 5% a 10% dos transplantes fracassados. Uma vez constatada a morte encefálica de um paciente, o sistema é acionado e o cronômetro começa a correr. É um desafio de logística que mobiliza profissionais de saúde e de transporte em tempo recorde.

Cada órgão tem um prazo máximo de sobrevivência fora do corpo, que é o chamado tempo de isquemia. Coração (4 horas) e pulmões (4 a 6 horas) são os que apresentam menos tempo de sobrevivência. Fígado (12 horas) e pâncreas (20 horas) duram um pouco mais, enquanto os rins podem ser transplantados em, no máximo, 36 horas.

Com as duas intervenções na última semana, chegam a cinco o número de transportes aéreos realizados por aviões do Governo do Estado apenas em 2023. Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná, nos últimos quatro anos foram 362 missões aéreas de transporte de órgãos, que totalizam mais de mil horas de voo.

Os dados mais recentes divulgados pela ABTO, que levam em conta informações de janeiro a setembro de 2022, apontam que o Paraná é o segundo colocado do Brasil em doações de órgãos. O Estado realiza 40,3 doações por milhão de população (pmp) contra uma média nacional de apenas 16,4 pmp.

OBSTÁCULOS – Segundo relatório disponibilizado pelo Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, das 1.179 notificações de possíveis doadores realizadas no último ano 471 resultaram em doações efetivas. Os principais obstáculos são contraindicação clínica, recusa de familiares dos possíveis doadores e presença de infecções atestadas por teste PCR.

Além dos motivos clínicos, que não podem ser controlados, a negativa dos parentes é a mais preocupante e corresponde a 28% das doações não efetivadas. Apenas em 2022, houve 211 casos em que os parentes da pessoa que teve a morte cerebral clinicamente atestada se negaram a autorizar a doação, o maior índice desde 2018.

Apesar das dificuldades, o Paraná registrou um crescimento nas doações em 2022 após três anos em queda, especialmente devido à pandemia de Covid-19. Os órgãos mais doados foram rins, fígado, coração e córneas.

Entre os doadores, 58% são homens e 42% mulheres. As maiores causas de morte encefálica no último ano, e que permitem as doações, decorreram de Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH), Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI).

Os dados completos, inclusive com informações regionalizadas, estão disponíveis no site www.paranatransplantes.pr.gov.br.

As informações são da Agência Estadual de Notícias.

Anvisa proíbe fabricação de sete pomadas modeladoras para cabelos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cancelou a regularização que autorizava a fabricação de sete pomadas modeladoras para cabelos. Segundo a agência, os produtos não estavam cumprindo normas sanitárias previstas.

A medida consta da Resolução nº138, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (16).

Em nota, a Anvisa informou que alguns dos produtos já foram objeto de medidas restritivas no âmbito da comercialização e do uso, e que, com a atual resolução, fica proibida também a sua fabricação.

Lista dos produtos

Estão proibidos de serem fabricados os seguintes produtos:

  • Pomada Modeladora para Tranças Anti-frizz Be Black (da empresa Cosmetic Group Indústria e Comércio de Cosméticos Eireli);
  • Pomada Black – Essenza Hair, e Pomada Modeladora para Tranças Boxbraids – fixa liss (ambas da Evolução Indústria de Cosméticos);
  • Pomada Braids Hair (da Galore Indústria e Comércio de Cosmético Eireli);
  • Pomada Cassu Braids Cassulinha Cabelos e Pomada Braids Tranças Poderosas Esponja Magic, (ambas da Microfarma Indústria e Comércio);
  • Rosa Hair Pomada Modeladora Mega Fixação 150g, (da Morandini Indústria e Comércio de Cosméticos);
  • Pomada Modeladora Master Fix Black Ser Mulher, (da Supernova Indústria, Comércio e Serviços).

Recomendações

A Anvisa recomenda que quem tiver em sua residência os produtos fabricados especificamente pela Microfarma Indústria e Comércio Ltda, CNPJ 68.722.743/0001-09, entre em contato com a empresa para verificar a forma de devolução, uma vez que o fabricante deverá recolher todos os produtos disponibilizados no mercado.

Ainda segundo a Anvisa, os estabelecimentos que tenham o produto para uso de seus clientes devem suspender sua utilização “imediatamente”.

Com relação aos produtos de outras empresas, a Anvisa informou que ainda está “avaliando as ações sanitárias necessárias”, e que seguirá acompanhando “todos os fatos relatados relacionados às pomadas capilares” com a ajuda dos órgãos de vigilância sanitária dos estados e municípios.

“A partir dos resultados das investigações, as medidas sanitárias cabíveis serão tomadas com a maior celeridade possível”, complementou.

No início do mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou um alerta com relação à pomada Cassu Braids, após relatos de que o produto estaria causando danos aos olhos (irritação ocular, pálpebras inchadas, dor nos olhos e dificuldades para enxergar o cabelo) de usuários no Rio de Janeiro.

As informações são da Agência Brasil

Recorde de óbitos por dengue chama atenção para combate ao mosquito Aedes aegypti

O Brasil chegou ao fim de 2022 com um triste recorde: 1.016 brasileiros morreram por dengue, como informa o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. É o maior número de óbitos pela doença já registrado desde o início do relatório.

A alta de casos fatais, geralmente associados ao diagnóstico tardio da doença, pode ter relação com o desvio das atenções para mitigação da urgência em saúde provocada pela Covid-19.

“Se observarmos os dados que antecedem a pandemia, percebemos que, durante aumentos dos casos de dengue, a quantidade de óbitos ainda permanecia em menor proporção, visto que os pacientes eram diagnosticados mais rapidamente e, consequentemente, tratados de forma adequada”, destaca Denise Valle, do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

As manifestações clínicas iniciais da dengue são comuns e podem ser confundidas com outras doenças, incluindo a Covid-19: febre, dores de cabeça e no corpo, mal-estar e fraqueza. A semelhança de sintomas pode ter confundido tanto a população quanto os profissionais de saúde.

“A letalidade da dengue está associada à demora na identificação e no tratamento da doença. No último ano, ainda sob efeito da Covid-19, pacientes que estavam seguindo o isolamento social podem ter levado mais tempo para buscar assistência médica, e muitos podem ter recebido diagnóstico impreciso por conta da vigência de outra doença com sintomas parecidos”, comenta.

Por ser transmitida pelo Aedes aegypti (também vetor dos vírus chikungunya e Zika), a dengue tem seu número de casos gerais diretamente influenciado pela quantidade de mosquitos.

A pesquisadora Rafaela Bruno, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos do IOC, lembra que nos últimos anos os cuidados de prevenção também ficaram em segundo plano.

“Diminuiu significativamente o número de campanhas de conscientização sobre o Aedes e, por isso, muitas pessoas esqueceram de vistoriar suas casas em busca de focos de água parada. Também, com o distanciamento social, agentes de endemias não estavam autorizados a visitar residências para ações de prevenção, fundamentais para relembrar moradores da importância de eliminar criadouros do mosquito”, ressalta.

Em 2022, foram registrados 1.450.270 de casos prováveis de dengue. Outros números que chamam atenção são os de casos prováveis de Chikungunya e Zika.

Houve acréscimo de 78,9% na contagem de casos de Chikungunya em 2022 quando comparada com a do mesmo período em 2021 – que já era maior em 32,7% que a do ano anterior. Nos casos de Zika, o aumento foi de 42%.

“Esses números podem diminuir a partir deste ano com as dinâmicas da sociedade se assemelhando ao período pré-pandêmico. Porém, isso apenas acontecerá se também recuperarmos nossas ações de conscientização acerca do Aedes aegypti”, afirma Rafaela.

Campanhas de prevenção como principal ação

Para impedir que o cenário de gravidade se repita em 2023, as pesquisadoras alertam para a importância de manter a regularidade nas campanhas de prevenção.

Conhecida da população brasileira, a campanha ‘10 Minutos Contra a Aedes’ – que há mais de uma década tem ajudado a direcionar os cuidados de prevenção – continua como a principal ferramenta para diminuir a incidência do mosquito.

“É uma campanha com mensagem simples e concreta, de fácil compreensão e execução. Desde 2009, quando foi lançada, ela tem sido nossa grande aliada para baixar drasticamente a infestação de mosquitos e, consequentemente, reduzir casos das doenças transmitidas por eles”, lembra Denise.

Guia de ação semanal presente na cartilha da campanha ’10 Minutos Contra o Aedes’. Foo: Reprodução.

Os ‘10 Minutos Contra Aedes’ visa incentivar a população a dedicar pelo menos 10 minutos por semana para vistoriar suas residências em busca de possíveis criadouros do mosquito.

“Temos de recuperar a atenção que a prevenção contra o Aedes tinha e, para isso, precisamos da cooperação ativa dos multiplicadores de opinião, como líderes comunitários e jornalistas”, aponta Denise.

“Precisamos reverter a queda significativa na quantidade de campanhas públicas e inserções na mídia e voltar a ocupar espaços de comunicação para que a população seja relembrada das ações que devem ser tomadas contra o Aedes”, reforça Rafaela Bruno.

Conheça e compartilhe a cartilha dos ‘10 Minutos Contra o Aedes’.

Continue lendo no Portal do Instituto Oswaldo Cruz.

A importância da vacinação e do acompanhamento médico da saúde da criança

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça a importância da vacinação e da atualização da caderneta das crianças. É necessário esse cuidado para a puericultura, ou seja, o acompanhamento periódico desse público (0 a 19 anos), visando a promoção e proteção da saúde para garantir o melhor crescimento e desenvolvimento.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a criança deve fazer no mínimo sete consultas de puericultura no primeiro ano de vida, e a partir dos dois anos de idade as consultas de rotina podem ser anuais, próximas ao mês de aniversário. Sendo assim, é possível aproveitar o momento de férias para agendar e atualizar o calendário vacinal, caso esteja com vacinas em atraso.

“A imunização de crianças e adolescentes pode ser atualizada sempre, seja nas consultas agendadas ou nas campanhas do Estado e busca ativa nos municípios. Quanto mais cedo a vacinação começar na infância, menores serão as chances de doenças e complicações. Fazer esse acompanhamento com o médico de família é fundamental”, ressaltou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

Colocar as consultas e vacinas em dia contribui para o cuidado com a saúde e a proteção coletiva no retorno às salas de aula, de forma mais segura. Estar em dia com a caderneta é uma das premissas no ato de matrícula e rematrícula nas instituições pertencentes ao Sistema Estadual de Ensino do Paraná, que ofertam educação infantil, ensino fundamental e médio.

Segundo a Lei Estadual 19.534 de 2018, pais ou responsáveis legais deverão apresentar declaração ou carteira de vacinação nas escolas, anualmente. A falta desse documento não impedirá o registro, mas as escolas devem monitorar e verificar os arquivos dos alunos por até 30 dias.

“Doenças como sarampo, gripe e hepatites, por exemplo, são evitadas quando as vacinas estão em dia. Sempre alertamos aos pais e responsáveis sobre a importância desse compromisso. E neste ano continuaremos a criar mecanismos e estratégias para sempre atender as crianças e adolescentes paranaenses”, afirmou o secretário.

VACINAÇÃO – A Divisão de Vigilância do Programa Estadual de Imunização (DVVPEI) segue as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI), sendo as atividades de vacinação voltadas para toda a população paranaense, disponibilizando imunobiológicos para todas as faixas etárias, conforme definido no Calendário Nacional de Imunização do PNI. Ao todo são 18 vacinas, considerando a contra a Covid-19, que devem ser oferecidas e aplicadas, desde o nascimento até ao final da adolescência.

Segundo a mais recente atualização do PNI, recomenda-se a dose de reforço da vacina da Covid-19 para crianças a partir de cinco anos de idade.

ATENDIMENTO/CONSULTAS – O acompanhamento médico da criança é feito pela Atenção Primária à Saúde (APS), na qual pode ser mantido exclusivamente ou de forma compartilhada com a Atenção Ambulatorial Especializada (AAE). Para as crianças classificadas como risco habitual, mantém-se o número mínimo de consultas preconizadas pelo Ministério.

Para as crianças classificadas como risco intermediário e alto risco, o calendário das consultas de puericultura tem maior frequência. Em 2021, foi aprovada no Paraná uma nova estratificação de risco, com a ampliação no número de agendamentos e um novo calendário de consultas.

Crianças que apresentam alto risco têm 17 consultas programadas até os dois anos de idade, e contam ainda com seis atendimentos multiprofissional especializado, dois a mais que o anterior.

Para aquelas classificadas com risco intermediário, são 14 consultas programadas também até aos dois anos de idade; e as crianças com risco habitual terão nove consultas.

Durante a consulta o profissional de saúde deverá abordar alguns pontos-chaves como:

  • Ganho de peso e altura.
  • Alimentação e suplementações vitamínicas de rotina.
  • Desenvolvimento: motor, cognitivo e emocional (incluindo relações interpessoais e desempenho escolar).
  • Imunizações.
  • Funcionamento gastrointestinal e gênito urinário.
  • Qualidade de sono.
  • Atividade física x tempo de telas.
  • Contato com a natureza.
  • Prevenção de acidentes.

Algumas dicas importantes para se preparar para a consulta:

  • Levar a Carteira Nacional de Saúde da Criança. Este documento é no qual se encontram todos os registros de vacinas, o acompanhamento de peso e altura e seus gráficos e muitas informações fundamentais.
  • Prepare por escrito todas suas dúvidas e necessidades, para não esquecer de falar tudo durante a consulta, e assim ter todas as suas dúvidas esclarecidas.
  • Leve uma troca de roupa, fralda, mamadeira ou uma fruta em caso de atraso.
  • Exames e receitas anteriores para atualização.
  • Caso não possa ir, cancele a consulta com antecedência. Assim o horário poderá ser destinado para outra criança que necessite.

As informações são da Agência Estadual de Notícias.

Pesquisadora da Fiocruz explica como surgem as novas variantes de vírus como as da Covid-19

Considerada altamente transmissível e recentemente detectada no Brasil, a linhagem XBB.1.5 do coronavírus é mais uma sublinhagem da variante Ômicron do microrganismo.

Desde 11 de janeiro de 2020, quando o código genético do SARS-CoV-2 se tornou conhecido, ouvir falar sobre linhagens e variantes do coronavírus passou a fazer parte do dia a dia da população mundial. Ainda assim, muitas vezes é difícil compreender o que está por trás desses nomes difíceis e como eles impactam as nossas vidas.

Para esclarecer algumas das dúvidas mais comuns, a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e uma das curadoras da plataforma GISAID (principal banco de dados genéticos do coronavírus), Paola Resende, respondeu perguntas sobre o tema.

Na entrevista, ela aborda a diferença entre linhagens e variantes, o que são variantes de preocupação e como podemos contribuir para reduzir as chances da emergência de novas variantes deste tipo. Confira a seguir:

Muito se fala de variante e linhagem. Pode explicar a diferença?

São classificações dos vírus. Foi estabelecido um sistema, chamado de Pangolin, para padronizar a classificação do SARS-CoV-2, com base nas características genéticas, considerando a presença de mutações pontuais ao longo do genoma, que são compartilhadas por vários vírus e são consideradas como assinaturas genéticas. Já foram descritas mais de 2.500 linhagens do SARS-CoV-2. Entretanto, nem todas essas linhagens tiveram sucesso evolutivo. Nem todas conseguiram se dispersar por diferentes localidades ou diferentes países, e muitas delas já deixaram de circular. Hoje, apenas algumas dessas 2.500 linhagens circulam, porque o padrão é uma linhagem substituir a outra ao longo do tempo. Entre essas linhagens, algumas delas se destacam epidemiologicamente, pelo número de casos ou por terem mutações importantes ao longo do genoma. Para essas linhagens que se destacam, a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou um sistema de classificação de variantes, que são identificadas por letras gregas.

Todas as variantes são preocupantes?

Não. Todas as variantes são monitoradas, mas temos diferentes classificações de variantes, dependendo do impacto global ou regional. As variantes de preocupação são aquelas que se expandiram globalmente. As variantes Alfa, Beta, Delta e Gama circularam no passado. Atualmente, a Ômicron predomina em todo o mundo. Nós já tivemos também variantes de interesse, como foi o caso da Zeta no Brasil. Estas variantes foram monitoradas, mas tiveram impacto menor do que as variantes de preocupação e já deixaram de circular.

As variantes que têm surgido ultimamente são derivadas da Ômicron?

Sim, as variantes mais recentes são sublinhagens da Ômicron. Quando a Ômicron foi introduzida no Brasil, as sublinhagens predominantes eram BA.1 e BA.2. Ao longo do tempo, elas foram sendo substituídas por BA.4 e BA.5. Hoje, temos algumas linhagens que a Organização Mundial da Saúde classifica como subvariantes da Ômicron sob monitoramento, que devem ser acompanhadas com atenção porque podem ter maior impacto na circulação da Covid-19. Nesse grupo, temos, por exemplo, a subvariante XBB e suas linhagens, incluindo a XBB.1.5.

Quais as variantes e subvariantes mais frequentes no Brasil atualmente?

Todos os casos sequenciados no Brasil são da variante Ômicron. Entre as subvariantes, a maior parte das linhagens sequenciadas em dezembro foi de BQ.1.1, com 58 genomas (50% do total), e BQ.1, com 24 genomas (21% do total). Ambas são sublinhagens de BA.5 que estão sob monitoramento porque possuem mutações adicionais no genoma. Também houve detecção de BA.5, com 11 genomas (quase 10% do total). Esses dados são constantemente atualizados na página da Rede Genômica Fiocruz, incluindo os genomas sequenciados pela própria Rede e depositados na plataforma GISAID por outras instituições a partir de amostras brasileiras.

O Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC é referência em vírus respiratórios para o Ministério da Saúde e em Covid-19 nas Américas para a Organização Mundial da Saúde (OMS). Também integra a Rede Genômica Fiocruz, que reúne pesquisadores de todas as unidades da Fiocruz no Brasil e de instituições parceiras para acompanhar a evolução do genoma do SARS-CoV-2. O que tem sido observado nos sequenciamentos realizados pelo grupo?

Desde o começo da pandemia, a Rede Genômica Fiocruz sequenciou mais de 68 mil genomas do coronavírus, sendo cerca de 30 mil decodificados pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo. De novembro para cá, detectamos 487 casos de BA.5 e 1.189 casos de sublinhagens de BA.5 (incluindo BQ.1.1, BQ.1 e BF.7, que são subvariantes sob monitoramento). Além disso, identificamos 74 casos de BA.4.6 e 18 casos de XBB. Ambas também são subvariantes sob monitoramento.

Como é realizada a notificação das variantes encontradas? Quais autoridades são notificadas?

A notificação das novas linhagens detectadas no país é feita diretamente ao Ministério da Saúde, às secretarias estaduais de Saúde e Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Laces). Dentro do Ministério da Saúde, dois órgãos são notificados: a Coordenação Geral de Laboratórios (CGLab) e a Coordenação Geral da Gripe (CGGripe), que coordenam o monitoramento dessas variantes no país. Essa notificação é feita imediatamente após o sequenciamento genômico e análise dos dados. Além disso, nós depositamos as sequências genéticas decodificadas no banco de dados da plataforma internacional Gisaid, para compartilhamento de informações com a comunidade científica.

Até quando surgirão novas variantes do coronavírus?

Faz parte do processo natural de evolução do SARS-CoV-2 adquirir novas mutações para se adaptar à população. Enquanto o vírus circular em altas proporções, existe a possibilidade de surgimento de novas variantes. Por isso, o ideal é que a gente reduza ao máximo essa circulação, para que as chances de surgimento de uma nova variante, que pode ter maior impacto na dispersão da Covid-19, seja reduzida.

Qual a importância da vacinação no controle do surgimento de novas variantes?

A vacinação é fundamental pois contribui para o vírus circular menos e reduz a possibilidade de gravidade daqueles indivíduos infectados. As medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, também são importantes quando o indivíduo estiver exposto a aglomeração. Isso reduz a chance de transmissão e, consequentemente, o aumento da circulação viral, que eleva a possibilidade de emergência de novas variantes.

As informações são do Instituto Oswaldo Cruz

Covid-19 se mantém como principal causa internações por problemas respiratórios

O SARS-CoV-2, que causa a covid-19, se mantém como o principal vírus causador de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) no país, segundo o boletim InfoGripe divulgado hoje (12) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Entre as crianças, porém, o vírus sincicial respiratório (VSR) tem maior prevalência.

O boletim mostra que, nas últimas quatro semanas, 77,8% das internações por síndromes respiratórias em que houve teste positivo para um vírus foram causadas pelo SARS-CoV-2. Entre a população em geral, o VSR responde por 12,6% dos casos, mas, entre as crianças, chega a 59%.

O predomínio do SARS-CoV-2 é ainda maior nas mortes por SRAG: entre os casos causados por vírus respiratórios, 96,6% estão associados à covid-19.

Vacinação

O cenário faz com que o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, reforce o apelo para que a população busque completar o esquema de vacinação contra a covid-19, com as duas doses de reforço.

“A covid-19 continua sendo o principal motivo de internação por problemas respiratórios na população adolescente e adulta de nosso país. É isso que os dados de notificação têm nos mostrado. Dado esse cenário, é fundamental que a população esteja em dia com a vacinação contra a covid-19. A vacina é nosso principal mecanismo para proteger a nossa saúde e a nossa vida contra a covid-19”, afirma.

Gomes lembra ainda que as crianças também devem ser vacinadas e lamenta que apenas cerca de 39% da população infantil, de 3 a 11 anos, finalizou o esquema vacinal contra a doença no país.

“Nós chama atenção que, infelizmente, atualmente um percentual importante da população tem se mostrado em dúvida se vale a pena ou não vacinar principalmente as crianças e adolescentes”, avalia o pesquisador, que cita um estudo que indicou que a covid-19 causou a morte de duas crianças de até 5 anos por dia no Brasil em 2020 e 2021.

Desde 12 de dezembro, a média móvel de mortes de pessoas de todas as idades por covid-19 voltou a ultrapassar 100 vítimas por dia, o que não acontecia desde agosto, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fiocruz. Somente ontem (11), quase um mês depois, a média de mortes diárias caiu abaixo de 100, chegando a 96.

A pandemia de covid-19 já provocou a morte de 695.088 pessoas no Brasil, o segundo maior número de vítimas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde.

As informações são da Fundação Oswaldo Cruz via Agência Brasil