Em homenagem ao Dia do Médico, comemorado em 18 de outubro, o Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná está publicando uma série de conteúdos em vídeo que podem contribuir com a administração da carreira e com o planejamento de vida dos médicos e médicas.
Os vídeos a seguir são sobre os Direitos Trabalhistas e Sindicais dos Médicos, apresentados pelo Dr. Marlus Volney de Morais, Presidente do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná; e pela Dra. Miriam Cipriani Gomes, Advogada do Simepar.
Os vídeos foram gravados no do Seminário “Serviços Médicos: Atuação Profissional e Responsabilidades Jurídicas” que foi realizado pelo Simepar em setembro, em parceria com as Faculdades de Medicina (Pequeno Príncipe) e de Direito (Unicuritiba), em conjunto com os órgãos estudantis das Faculdades (CAMME e DACP), e com a organização da Datalegis – Escola de Capacitação para Agentes Públicos.
Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revelaram que é possível detectar sinais precoces de demência até nove anos antes de o paciente receber um diagnóstico específico, como Alzheimer.
No trabalho publicado nesta sexta-feira, 14, na publicação Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, o grupo de cientistas analisou informações do Biobank, o banco de dados biomédicos britânico. A equipe descobriu sinais de dificuldades em várias áreas específicas, como a solução de problemas e a lembrança de números específicos.
“Quando olhamos para a história dos pacientes, fica muito claro que eles já apresentavam alguns sinais de problemas cognitivos muitos anos antes de os sintomas se tornaram óbvios o suficiente para gerar um diagnóstico”, afirmou Nol Swaddiwudhipong, principal autor do estudo.
As descobertas levantam a possibilidade de, no futuro, pacientes em maior risco de desenvolver algum tipo de demência fossem mapeados para intervenções precoces ou para testes clínicos de novos medicamentos.
Atualmente, existem poucos tratamentos eficazes para demências ou outras doenças degenerativas, como o Parkinson. Em parte, isso ocorre porque as doenças só são diagnosticadas depois que os sintomas aparecem, embora a degeneração propriamente dita comece muito anos (e até décadas) antes. Isso significa que, quando os pacientes são recrutados para testes clínicos de novos tratamentos, pode já ser muito tarde para que o curso da doença seja alterado.
A análise das informações reunidas no banco de dados biomédicos revelou que pessoas que desenvolveram Alzheimer já apresentavam um desempenho pior do que indivíduos saudáveis em tarefas de resolução de problemas, tempo de reação a estímulos, capacidade de lembrar de números, memória prospectiva (nossa capacidade de lembrar de algo para fazer mais tarde), entre outros. Isso também foi constatado em pessoas que desenvolveram uma forma rara de demência chamada de demência frontotemporal.
Remédio para diabetes pode diminuir risco de demência
Um estudo publicado ainda esta semana na revista científica BMJ Open Diabetes Research & Care descobriu também que alguns medicamentos contra a diabete podem reduzir em até 22% o risco de demência em pacientes. Segundo os pesquisadores, as descobertas ajudam a planejar melhor a seleção de medicamentos para pacientes com diabete tipo 2 e com alto risco de demência, quadro clínico que afeta as funções cerebrais e está associado aos seus dois subtipos principais, Alzheimer e demência vascular.
Os cientistas compararam o risco de aparecimento de demência em pacientes com diabete tipo 2, a partir dos 60 anos, tratados com três classes de medicamentos: sulfonilureia (SU), tiazolidinediona (TZD) e metformina (MET). O tratamento durou pelo menos um ano e, após este período, o grupo que tomou TZD teve um risco 22% menor de ter qualquer tipo de demência em comparação aos participantes que usaram apenas a MET.
Segundo eles, os resultados trazem contribuição significativa à literatura sobre os efeitos de medicamentos contra diabetes para a demência. O estudo, entretanto, é considerado de caráter observacional. A equipe acredita que pesquisas futuras podem redirecionar agentes antidiabéticos orais para a prevenção de demência e podem considerar priorizar o uso de TZD.
O câncer de mama é um dos desafios no cenário atual de envelhecimento populacional e enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. É o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no país.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Para o ano de 2022 foram estimados 66.280 novos casos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres.
Atualmente, o diagnóstico, o tratamento local e o tratamento sistêmico para o câncer de mama estão sendo aprimorados de forma rápida, em razão de um melhor conhecimento da história natural da doença e das características moleculares dos tumores.
Nesse cenário, o planejamento de estratégias de controle do câncer de mama por meio da detecção precoce é fundamental. Quanto mais cedo um tumor invasivo é detectado e o tratamento é iniciado, maior a probabilidade de cura. Por esse motivo, várias ações vêm sendo implementadas para diagnosticar o câncer nos estágios iniciais.
Embora seja um tema difícil de tratar, falar abertamente sobre o câncer de mama pode ajudar a esclarecer mitos e verdades e, com isso, aumentar o conhecimento e diminuir o temor associado à doença. Um em cada três casos de câncer de mama pode ser curado se for descoberto logo no início.
Mas muitas pessoas, por medo ou desinformação, evitam o assunto e acabam atrasando o diagnóstico. Por isso, é preciso desfazer crenças sobre a doença, para que ela deixe de ser vista como uma sentença de morte ou um mal inevitável e incurável.
Para esclarecer dúvidas sobre diagnóstico precoce, sinais e sintomas da doença e manifestações de alerta, convidamos a médica mastologista do Serviço de Mastologia do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Viviane Esteves.
Como as mulheres podem perceber os sinais e sintomas da doença? É indicado o autoexame?
Viviane Esteves: Atualmente não indicamos o autoexame para identificação precoce do câncer de mama, os estudos demonstraram que essa estratégia não reduzia a mortalidade. A recomendação é que a mulher tenha consciência da saúde das mamas, saiba reconhecer os sinais e sintomas suspeitos e tenha acesso rápido aos serviços de saúde para investigação. A palpação das mamas pode ocorrer sempre que a mulher se sentir confortável. Segundo o INCA, são sinais e sintomas de alerta: qualquer nódulo em mulheres com mais de 50 anos; nódulos persistentes por mais de um ciclo menstrual em mulheres com mais de 30 anos; nódulo endurecido ou fixo ou que vem aumentando de tamanho; secreção sanguinolenta pelo mamilo; lesões na aréola ou no mamilo que não respondem ao tratamento tópico.
Qualquer lesão mamária (cistos, nódulos, calcificações) é fator de risco para o desenvolvimento de um câncer de mama?
Viviane Esteves: A maioria das patologias mamárias é benigna, mas para excluir o câncer de mama, é preciso que a mulher, com sinais e sintomas suspeitos, procure orientação médica para ser examinada. A classificação radiológica das lesões mamárias é baseada no BI-RADS. O Sistema de Laudos e Registro de Dados de Imagem da Mama (BI-RADS) é uma ferramenta de garantia de qualidade destinada a padronizar os laudos radiológicos das mamas, recomendações de conduta e facilitador do monitoramento dos resultados. O Bi-RADS categoriza as imagens de acordo com o seu risco de neoplasia maligna. Assim, um cisto simples é categorizado com BI-RADS 2 e não apresenta risco para câncer de mama. As lesões BI-RADS 3 devem ser acompanhadas em intervalos mais curtos, enquanto as BI-RADS 4 e 5 são suspeitas e devem ser biopsiadas.
Qual a orientação para a realização dos exames de rotina (ultrassonografia das mamas e /ou mamografia)? Os exames são eficazes e indicados para qualquer faixa etária?
Viviane Esteves: Conforme as Diretrizes para Detecção Precoce do Câncer de Mama, a mamografia de rotina, em mulheres assintomáticas, é recomendada de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos. A ultrassonografia mamária não deve ser solicitada de rotina como rastreamento, e sua indicação é feita em casos selecionados, como mulheres com alterações na mamografia que necessitam de um esclarecimento. Para mulheres de alto risco o rastreamento deve ser individualizado.
Toda mulher tem risco elevado para a doença? Explique.
Viviane Esteves: O alto risco está relacionado a uma predisposição hereditária forte, relacionada a mutações genéticas. Também são consideradas mulheres de alto risco, aquelas com diagnóstico de lesões proliferativas com atipias e o histórico de radioterapia supra diafragmática, antes dos 36 anos de idade para tratamento de linfomas. Mulheres a partir dos 50 anos são mais propensas a desenvolver a doença.
Só as mulheres têm câncer de mama?
Viviane Esteves: Não. Homens também podem ter câncer de mama, mas isso é raro (apenas 1% dos casos). Os sinais de alerta envolvem: tumorações mamárias; presença de gânglios axilares alterados; mudanças no formato das mamas, como edemas, aumento de tamanho ou retração e mudança no formato dos mamilos.
Qual a importância do acolhimento às mulheres que procuram o serviço de saúde com nódulos ou lesões suspeitas de câncer de mama?
Viviane Esteves: Sempre que a mulher perceber sinais ou sintomas suspeitos, deve procurar esclarecimento. A equipe de saúde precisa estar preparada para acolher, informar e realizar os exames diagnósticos em tempo hábil, visando o diagnóstico precoce do câncer de mama.
Qual a sua opinião sobre a iniciativa “outubro rosa”?
Viviane Esteves: O “outubro rosa” foi criado no início da década de 1990, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data é celebrada, anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuindo para a redução da mortalidade. Devemos aproveitar a oportunidade para divulgar a importância do diagnóstico precoce, conscientizar as mulheres e os profissionais de saúde. A detecção precoce e o rastreamento diminuem a mortalidade, e o nosso trabalho nessa ação deve ser diário.
Para reforçar a importância da prevenção do câncer de mama, a mastologista do IFF/Fiocruz, Viviane Esteves, gravou um vídeo. Confira a seguir:
Neste dia 18 de outubro comemoramos o Dia do Médico e da Médica. A data coincide com o Dia de São Lucas, considerado o padroeiro dos/as profissionais da medicina.
Para marcar a data, o Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná disponibilizará uma série de conteúdos em texto e vídeo que podem contribuir com a administração da carreira e com o planejamento de vida dos médicos e médicas.
São conteúdos que tratam dos direitos trabalhistas e sindicais, dos processos éticos disciplinares junto ao conselho regional de medicina, da transformação digital na saúde, da lei geral de proteção de dados, dos vínculos de trabalho no serviço público, do direito tributário aplicado aos serviços médicos, e da aposentadoria dos/as profissionais da medicina.
Os conteúdos são fruto do Seminário “Serviços Médicos: Atuação Profissional e Responsabilidades Jurídicas” que foi realizado pelo Simepar em setembro, em parceria com as Faculdades de Medicina (Pequeno Príncipe) e de Direito (Unicuritiba), em conjunto com os órgãos estudantis das Faculdades (CAMME e DACP), e com a organização da Datalegis – Escola de Capacitação para Agentes Públicos.
Os painéis dos temas acima listados foram apresentados por médicos, médicas, advogadas e advogados de destacada atuação em cada uma das áreas, e trazem lições valiosas sobre o direito médico, tributário e previdenciário, que podem ajudar as médicas e médicos a tomarem as decisões mais acertadas sobre suas carreiras e sobre seus projetos de vida.
O Ministério da Saúde liberou a aplicação de vacinas contra a covid-19 da Pfizer em crianças de 6 meses a 4 anos de idade que tenham comorbidades. Ainda não há informações sobre quando a pasta receberá e qual o total de vacinas específicas para esse público.
A ampliação de uso da vacina da Pfizer para imunizar crianças de 6 meses a 4 anos de idade contra a covid-19 foi aprovada pela Anvisa em setembro. Desde a liberação, há um impasse no Ministério da Saúde sobre a incorporação da vacina no plano de imunização.
Em nota, nesta quinta-feira (13), a pasta informou que solicitará à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) a avaliação de possível ampliação do uso da vacina pediátrica nessa faixa etária. Até que seja analisado pela comissão, a vacinação estará restrita ao publico com comorbidades.
Diferenças
A vacina para crianças de 6 meses a 4 anos de idade tem dosagem e composição diferentes daquelas utilizadas para as faixas etárias previamente aprovadas. A formulação da vacina autorizada hoje deverá ser aplicada em três doses de 0,2 ml (equivalente a 3 microgramas).
As duas doses iniciais devem ser administradas com 3 semanas de intervalo, seguidas por uma terceira dose administrada pelo menos 8 semanas após a segunda dose. A tampa do frasco da vacina virá na cor vinho, para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação e, também, pelos pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para serem vacinadas. O uso de diferentes cores de tampa é uma estratégia para evitar erros de administração, já que o produto requer diferentes dosagens para diferentes faixas etárias.
“A vacina tem 12 meses de validade, quando armazenada a temperatura entre -90°C e -60°C. Uma vez retirado do congelamento, o frasco fechado pode ser armazenado em geladeira entre 2°C e 8°C durante um período único de 10 semanas, não excedendo a data de validade original”, explicou a Anvisa.
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, alertou para quatro emergências sanitárias que ameaçam a região das Américas: o recente surto de cólera registrado no Haiti, os casos de varíola dos macacos, as infecções por covid-19 e as baixas taxas de vacinação contra a poliomielite.
“Nossa região está sob pressão”, disse ela, ao convocar os países para que “trabalhem rapidamente com as ferramentas que têm à mão” numa tentativa de controlar o cenário. “Emergências sanitárias paralelas e ambientes sociais, políticos e naturais frágeis ilustram a importância de investir e fortalecer os sistemas de saúde”, acrescentou.
Cólera
Depois de mais de três anos, o Haiti relatou, na semana passada, um surto de cólera justamente quando estava prestes a ser declarado livre da doença. Até o último domingo (9), o país havia confirmado 32 casos e 18 mortes, além de 260 casos suspeitos na região da capital, Porto Príncipe.
De acordo com a Opas, é provável que os casos sejam mais numerosos que os dados oficiais, já que “a escalada da violência nas ruas e a atividade criminosa limitam o acesso e a mobilidade nas áreas afetadas”.
Varíola dos macacos
Dados da organização mostram mais de 45 mil casos de varíola dos macacos relatados nas Américas – 63% do total registrados em todo o mundo. Cerca de 95% das infecções são em homens. Apenas na semana passada, foram contabilizados 2,3 mil novos casos na região, sobretudo nos Estados Unidos, Brasil, Colômbia e México.
A Opas já começou a distribuir vacinas contra a varíola dos macacos nas Américas. Brasil e Chile foram os primeiros países a receber as doses, entregues na semana passada.
Covid-19
A diretora da Opas avaliou que a tendência de queda nos casos de covid-19 em todo o mundo, inclusive nas Américas, mostra uma possível transição da fase aguda da pandemia para uma fase de controle sustentado. Na semana passada, a região registrou 178 mil novos casos da doença.
Carissa advertiu, entretanto, que esse cenário de transição só será alcançado por meio da continuação da testagem e do aumento da vacinação. Embora mais de 70% da população das Américas estejam imunizados contra a covid, dez países e territórios, segundo a Opas, ainda não atingiram 40% de cobertura vacinal.
Pólio
Carissa fez um novo apelo aos países que aumentem a cobertura vacinal contra a pólio e a vigilância em relação à doença. Segundo ela, quatro países das Américas – Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru – estão classificados como “em risco muito alto” de sofrer um surto da doença, enquanto oito nações são consideradas “de alto risco”.
“A pólio, uma doença para a qual não há cura ou tratamento, deve tornar-se uma coisa do passado”, frisou a diretora da Opas. “Com vacinas eficazes e décadas de experiência em imunização, temos o poder de mantê-la a distância”, concluiu.
O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) reforça o pedido de urgência para a doação de sangue no Estado, em especial dos tipos O-, O+ e A-. O apelo acontece, sobretudo, com a proximidade das festas de fim de ano e das programações de viagens.
“As doações de qualquer tipo sanguíneo são sempre muito bem-vindas, sobretudo num contexto em que notamos uma diminuição de estoque no Paraná, uma realidade pós-pandemia. É válido reforçar que não há substituto para o sangue e este ato de solidariedade é indispensável para salvar vidas”, comentou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Os homens podem doar sangue a cada dois meses, em quatro vezes ao ano. As mulheres podem doar a cada três meses, num máximo de três doações ao ano.
É necessário ter entre 16 e 69 anos completos. Menores de idade precisam de autorização e presença do responsável legal. O doador deve pesar no mínimo 51 quilos, estar descansado, alimentado e hidratado (evitar alimentação gordurosa nas quatro horas que antecedem a doação) e apresentar documento oficial com foto (carteira de identidade, carteira do conselho profissional, carteira de trabalho, passaporte ou carteira nacional de habilitação).
Depois de coletado, o sangue é fracionando e acontece o processo de separação dos hemocomponentes (plasma, hemácias, plaquetas e crio). Após isso, a bolsa fica estocada até o resultado dos exames, que apontam que ele pode ser utilizado em outra pessoa.
HEMEPAR – O Hemepar é responsável pela coleta, armazenamento, processamento, transfusão e distribuição de sangue para 384 hospitais públicos, privados e filantrópicos que atuam em todas as regiões do Paraná. É uma entidade sem fins lucrativos e atende à demanda de fornecimento de sangue e hemoderivados do Estado graças às doações dos voluntários.
Nesta segunda (10) é comemorado em todo o planeta o Dia Mundial da Saúde Mental. Nesses tempos de quase pós-pandemia de covid-19, a doença continua afetando a saúde mental de grande número de pessoas em todo o mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia criou uma crise global para a saúde mental, alimentando estresses em curto e longo prazo, e minando o bem-estar emocional de milhares de pessoas ao redor do mundo.
Nesse contexto, de acordo com especialistas, a manifestação dos efeitos da doença pode se tornar permanente tanto para pacientes e suas famílias, quanto para profissionais da área da saúde.
Para o especialista em terceira idade e saúde mental Davi Fiuza Diniz, o papel das associações de pacientes e familiares nesse processo de reabilitação é muito importante. Ele cita o trabalho da Associação em Defesa da Saúde Mental (ADSM) – organização não governamental (ONG) cearense –, que busca dar apoio aos pacientes por meio de terapias de grupo e de atendimento com familiares e cuidadores, e de uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de saúde e de outras áreas.
Diniz, que trabalha na ADMS, afirmou que muitos dos problemas mentais dos assistidos pela associação se agravaram durante a pandemia. Ele mesmo sentiu esse problema por ter na família duas pessoas com transtornos mentais. “Eu sei o que é essa dor”, afirmou. Hoje, seus parentes estão estabilizados depois de participar de terapias de grupo na ONG.
“A gente busca mostrar para pessoas e familiares que tenham alguém na família com problema emocional que, quando saírem do psiquiatra ou do psicólogo, eles têm suporte. Existe toda uma conduta para dar equilíbrio emocional. A Associação tem vários serviços com essa finalidade: dar suporte para as pessoas que apresentam algum problema e, também, para os familiares que estão acompanhando, porque também precisam de apoio”, disse Diniz.
Agravamento
Em entrevista à Agência Brasil, o psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Luiz Carlos Coronel afirmou que a pandemia desencadeou algo que estava latente ou agravou o que já existia. No caso do Brasil, segundo ele, ocorreram as duas coisas, mas agravou especialmente as grandes necessidades de saúde mental da população que já existiam.
Luiz Carlos Coronel lembrou que o país, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021 do Ministério da Saúde, é campeão na América Latina de casos de depressão, envolvendo 11,3% da população. “É campeão de transtornos de ansiedade e por aí vai”, disse. Segundo o especialista, isso ficou agravado pela pandemia, pelas restrições e por tudo que acompanhou o processo epidêmico de ameaça à vida.
Em função da restrição de circulação, aumentaram também as patologias ligadas ao consumo de substâncias psicoativas. “O pessoal passou a usar mais álcool e outras drogas e isso ocasionou também um agravamento das situações conflitivas. Então, aumentou muito o número de violência doméstica, devido à restrição de circular, de conviver com outras pessoas”.
Coronel ressaltou que como resultado de tudo isso estão os efeitos da infecção pela covid-19 que ainda vão se manifestando ao longo do tempo, inclusive formas que não são graves, mas moderadas, e que apresentam manifestações cerebrais, clínicas. “Essas viroses têm essas capacidades que a gente não conhece bem. São os efeitos a longo prazo”. Outro fator é que o Brasil cresceu muito nos últimos 30 a 40 anos em termos populacionais, e a estrutura de atendimento e assistência à saúde não acompanhou esse crescimento, afirmou o psiquiatra. “A rede de atendimento à saúde continua precária, apesar dos esforços do Ministério da Saúde. E da saúde mental é mais precária ainda”, complementou.
Covid longa
Luiz Carlos Coronel avaliou que a pandemia deixou uma “covid longa”. Ou seja, seus efeitos já estão sendo sentidos e vão continuar aparecendo por longo período. “Indefinido tempo ainda. Nenhum pesquisador tem ideia de quanto vai durar a produção desses efeitos secundários da doença, principalmente afetando a saúde mental da pessoa”.
Todo mundo ficou restrito, ficou com menos recursos de convivência, acarretando grandes índices de depressão, de ansiedade, de uso e abuso de substâncias psicoativas e de drogas. Tudo isso ficou aumentado”, disse.
Em pouco menos de um ano, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completa meio século de existência. Considerado uma das políticas públicas em saúde mais bem-sucedidas do país, o programa, em seus quase 50 anos, foi marcado pela erradicação de doenças como a poliomielite, a rubéola, o tétano materno e neonatal e a varíola. Ao longo dos últimos anos, entretanto, algumas doenças voltaram a assustar o país em meio a baixas taxas de vacinação.
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma das que mais preocupam as autoridades sanitárias. Trata-se de uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, e que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes e secreções eliminadas pela boca de pacientes. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
Diante das taxas de cobertura vacinal em queda, o Ministério da Saúde realizou, entre 8 de agosto e 30 de setembro, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite. A campanha chegou a ser prorrogada por causa da baixa adesão. A meta é vacinar 95% de um universo de 14,3 milhões de crianças menores de 5 anos no Brasil. Atualmente, a taxa de cobertura vacinal contra a pólio está em torno de 60%.
Transmissão
A transmissão ocorre pelo contato direto com uma pessoa infectada, pela via fecal-oral (objetos, alimentos e água contaminados com fezes de pacientes) ou pela via oral-oral (gotículas de secreção ao falar, tossir ou espirrar. A falta de saneamento, as más condições habitacionais e hábitos de higiene pessoal precários são fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.
Sintomas
De acordo com o ministério, os sintomas mais frequentes da doença são febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e dor no corpo, além de vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves, instala-se a flacidez muscular que afeta, em regra, membros inferiores.
Tratamento
Segundo a pasta, não existe tratamento específico para a pólio. Todos as pessoas infectadas devem ser hospitalizadas e recebem tratamento para os sintomas manifestados, de acordo com o quadro clínico do paciente.
Sequelas
As sequelas da doença estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus. Normalmente, são sequelas motoras e que não têm cura. As principais são: problemas nas articulações; pé torto; crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição; dificuldade para falar; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.
Prevenção
O ministério lembra que a vacinação é a única forma de prevenção da pólio. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser imunizadas conforme esquema de vacinação de rotina e também por meio das campanhas anuais. O esquema vacinal consiste em três doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6 meses de vida) e duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, conhecida como gotinha.
Alerta
Em nota, o ministério destacou que o Brasil é referência mundial em imunização e conta com um dos maiores programas de vacinação do mundo. Anualmente, o PNI aplica cerca de 100 milhões de doses de diferentes vacinas, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade para vacinar até 1 milhão de pessoas por dia.
“Toda a população com menos de 5 anos precisa ser vacinada para evitar a reintrodução do vírus que causa a paralisia infantil”, alertou a pasta.
De acordo com o ministério, doenças já eliminadas graças à vacinação correm o risco de reintrodução no país devido às baixas coberturas vacinais, voltando a constituir um problema de saúde pública. “Levem seus filhos às salas de vacinação”, reforçou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na semana passada.
Principais fatos
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, mostram que uma em cada 200 infecções pelo poliovírus resultam em paralisia irreversível (geralmente das pernas). Entre as pessoas acometidas pela doença, de 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
Segundo a entidade, os casos da doença diminuíram mais de 99% nos últimos anos, passando de 350 mil casos estimados em 1988 para 29 casos notificados em 2018. A maioria dos casos, atualmente, se concentra no Afeganistão e no Paquistão, onde a doença é considerada endêmica. Em 2022, dois casos foram contabilizados em Israel e nos Estados Unidos.
“Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil casos no mundo a cada ano, dentro do período de uma década”, informou a Opas.
O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. Entretanto, a Opas alerta que, até que a doença seja erradicada no mundo, há risco de casos importados e, consequentemente, de o vírus voltar a circular em território brasileiro. “Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante”, acrescentou.
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