Um mês após a liberação das máscaras, Curitiba registra piora nos números da Covid-19

Foto: Geraldo Bubniak/AEN.

Matéria do Portal Bem Paraná.

No dia 29 de março, quando celebrava seus 329 anos, Curitiba também via, após dois anos de pandemia, chegar ao fim a obrigatoriedade do uso de máscaras tanto em ambientes abertos como em ambientes fechados (com exceções para os serviços de saúde).

Um mês depois, contudo, os números do novo coronavírus registram viés de alta na cidade, mostra balanço feito pelo Bem Paraná com base nos boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS). O número de casos novos e ativos da doença, por exemplo, começou a subir nas últimas semanas, enquanto o de óbitos apresenta tendência de alta desde a semana passada.

Começando pelos casos ativos, a capital paranaense registrava, em 28 de março, 998 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (e potencialmente transmitindo a doença). O número, que vinha em queda desde o começo de fevereiro, chegou a cair para 412 em 7 de abril, mas desde o último dia 11 voltou a apresentar tendência de alta, com crescimentos consecutivos. Ontem, já estava em 1.114, o maior número de casos ativos na cidade desde 27 de março e com um crescimento de 170,39% nos últimos 21 dias.

Com os casos ativos em alta, os diagnósticos, naturalmente, também estão subindo. Há um mês a média móvel de casos novos (por dia) na cidade estava em 133,29. O número chegou a cair para 110,57 no começo de abril, mas desde então acumula 24 altas consecutivas. Ontem, já estava em 290,71, o maior valor desde 18 de março e com crescimento acumulado de 162,9% na comparação com 4 de abril.

Quanto aos óbitos, a tendência de queda se manteve até recentemente. Em 28 de março a média móvel de mortes diárias por Covid-19 no município estava em 1,86 e chegou a cair para 0,14 em 19 de abril. Desde então, contudo, houve um recrudescimento da estatística, que ontem já chegou a 1,71. Ou seja, a média de ontem ainda era menor do que um mês atrás, mas já registrava alta de 1.100% nos últimos nove dias – e com tendência de continuar subindo nos próximos dias.

Ocupação de leitos

Com relação à ocupação de leitos exclusivos para Covid-19 na rede pública de saúde da capital paranaense, ontem a taxa de ocupação em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) atingiu o maior valor desde o começo de março. Dos 15 leitos de UTI SUS no município, sete estavam ocupados, com a taxa de ocupação em 47%. Há um mês, haviam cinco pacientes na cidade demandando cuidados intensivos, com taxa de ocupação em 14%.

Já nas enfermarias SUS Covid-19, seis pacientes estavam internados até ontem, com 17% dos 35 leitos disponíveis ocupados. O cenário, neste caso, é melhor do que o registrado há um mês atrás, quando 19 dos 80 leitos na cidade estavam ocupados (taxa de ocupação de 24%).

Importante ressaltar, ainda, que os dados da ocupação de leitos em Curitiba são dinâmicos, com alterações ao longo do dia. Dessa forma, o que temos aqui é apenas o retrato trazido pelos boletins divulgados pelo próprio município.

‘As pessoas baixaram a guarda’, diz médico

O superintendente do laboratório Unimed, o médico Milton Zymberg, comenta que, com a chegada das estações mais frias, o natural é que se tenha um aumento na ocorrência de doenças respiratórias, como a gripe e a própria doença pandêmica. Com relação à alta recente na procura por testes de Covid-19 e na taxa de positividade para a doença, ele destaca que as pessoas acabaram ‘baixando a guarda’ nos últimos tempos.

“Essa que é a verdade. Todo mundo acreditando e tendo comprovação da eficácia da vacina, voltando a ter relacionamento e acabamos de sair da Páscoa, quando as pessoas costumam celebrar juntas. Isso pode estar direcionando para esse aumento que tivemos de positividade”, diz o médico, que destaca ainda ser difícil prever o que acontecerá daqui para frente.

“A Covid estava controlada e voltou a aumentar agora. Mas as precauções são exatamente as mesmas que já vínhamos tomando: optar por ambientes arejados, fazer a higienização de mãos e, se a pessoa tem sintoma, mesmo que não teste, usa máscara. O uso da máscara é mais para proteger a outra pessoa, não tanto você”, explica Zymberg.

Crianças: Síndromes respiratórias lotam hospitais e postos

O pronto-socorro do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, referência no atendimento de crianças e adolescentes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), atingiu 100% de lotação na manhã de ontem, por causa do aumento de atendimentos por problemas respiratórios e não conseguia mais receber pacientes. Em nota encaminhada à imprensa, o hospital diz que trabalhava em um plano de contingência.

Em razão do aumento de procura por atendimento de crianças com sintomas respiratórios na rede de saúde (pública e privada) de Curitiba, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) optou por reestruturar, temporariamente, seus serviços. A mudança será mantida enquanto houver necessidade.

A partir desta sexta (29), 11 unidades de saúde serão convertidas em pontos de atendimento de adultos e crianças com sintomas respiratórios leves e moderados (moradores de Curitiba com sintomas respiratórios leves devem optar pela teleconsulta pelo telefone 3350-9000).

Os números da pandemia em Curitiba

28 de abril
Média móvel de casos novos*: 290,71
Média móvel de óbitos*: 1,71
Casos ativos da doença: 1.114
Pacientes em UTI SUS Covid: 7
Taxa de ocupação das UTIs SUS Covid: 47%
Pacientes em leitos de enfermaria SUS Covid: 6
Taxa de ocupação das enfermarias SUS Covid: 17%
28 de março
Média móvel de casos novos*: 133,29
Média móvel de óbitos*: 1,86
Casos ativos da doença: 998
Pacientes em UTI SUS Covid: 5
Taxa de ocupação das UTIs SUS Covid: 14%
Pacientes em leitos de enfermaria SUS Covid: 19
Taxa de ocupação das enfermarias SUS Covid: 24%

* Média dos sete dias anteriores

Fonte: Boletim Epidiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Prefeitura de Curitiba

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